31.12.11

Retrospectiva: Filmes do ano


Coleciono ingressos de cinema desde os treze anos (ou seja, há quase nove anos). Com o passar dos anos a coleção foi ficando cada vez mais completa, porque no início eu esquecia muitas vezes de guardar os ingressos ou guardava em lugares diferentes e acabava perdendo. Justamente por colecionar os ingressos é que pude fazer esse último post do ano, com os filmes que assisti no cinema em 2011, separando-os em três listas: os que gostei, os que não gostei e aqueles filmes “mais ou menos”, que não são exatamente fascinantes, mas distraem. Além disso, destaquei o grande favorito de 2011! Deixei para fazer este post no último dia do ano pra poder colocar realmente todos os filmes que eu vi. Imagino que alguns ingressos eu tenha jogado fora junto com notas fiscais (acontece), mas a maioria está aí (perdi o de Bravura Indômita, mas classifiquei o filme mesmo assim). Dentro de cada categoria, procurei colocar os filmes na ordem em que eu assisti.

Comecei esse blog em junho de 2011 e a partir daí escrevi sobre alguns filmes que eu vi, então coloquei o link ao lado do nome do filme. Não chamo de críticas os textos que escrevo sobre os filmes porque acho que isso deixa o texto carregado de uma certa responsabilidade e, na verdade, eu escrevo sobre eles baseada apenas no meu gosto, então é mais uma forma de compartilhar a minha opinião do que analisar o filme seguindo critérios estabelecidos. Ah, e vale lembrar que só bem recentemente eu realmente passei a falar sobre os filmes em cartaz. Alguns filmes poderiam ter rendido textos bacanas, mas eu acabei não escrevendo sobre eles. Mas em 2012 eu quero escrever mais. Bom, vamos lá?

Não gostei  
Entrando Numa Fria
Eu sou o número 4
O Ritual
Se Beber, não Case 2
Cilada.com
O Retorno de Johnny English
A Pele que Habito (leia aqui)
Roubo nas Alturas
Missão Impossível 4
    + ou -
    O Turista
    Caça às Bruxas
    O Besouro Verde 3D
    Bravura Indômita
    Esposa de Mentirinha
    Todo Mundo tem Problemas Sexuais
    Não se preocupe, nada vai dar certo
    Planeta dos Macacos: A Origem (leia aqui)
    O Homem do Futuro (leia aqui)
    Cowboys e Aliens (leia aqui)
    Larry Crowne - O amor está de volta
    Gato de Botas 3D
    Noite de Ano Novo (leia aqui)
    Imortais 3D
      Gostei 
      Megamente
      Enrolados 3D
      O Discurso do Rei
      Cisne Negro
      Rango
      Piratas do Caribe 4 3D
      Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte II 3D
      Capitão América 3D
      Os Três Mosqueteiros 3D (leia aqui)
      Gigantes de Aço (leia aqui)
      O Palhaço (leia aqui)
      Amanhecer - Parte 1
      Um Dia (leia aqui)
        Não foi difícil escolher meu favorito, porque eu realmente fiquei apaixonada por esse filme, mas posso dizer que animações como Megamente, Enrolados e Rango são simplesmente geniais. Também gostei bastante de O Discurso do Rei, mas o favorito realmente foi...

          
        Meia Noite em Paris é um filme de Woody Allen e traz um personagem principal (chamado Gil Pender, interpretado por Owen Wilson) que escreve roteiros para Hollywood e encontra-se descontente com a sua carreira, sonhando em ser um grande escritor. Em sua viagem à Paris, com sua noiva e os pais dela, Gil sente-se bastante entediado com as programações da viagem e principalmente com as pessoas a sua volta. Nesse clima de frustração, questionando sua vida e escolhas, ele acaba realizando uma espécie de viagem no tempo e conhecendo Paris nos anos 20.

        Adoro a Rachel McAdams, atriz que interpreta a noiva. Marion Cotillard é absurdamente linda. Adrien Brody interpretando Salvador Dalí, para mim, foi um dos melhores momentos do filme. Ele é um dos meus atores favoritos, sem dúvida. Como se já não bastasse um elenco de queridinhos, eu me identifiquei muito com o personagem de Owen Wilson. A vontade de ser um importante escritor, o tédio que ele sente rodeado por pessoas com as quais não se identifica e sua personalidade anti-social são coisas que vejo em mim também. A volta ao passado, as personalidades importantes que aparecem, Paris linda de morrer, a nostalgia... Tudo é uma delícia de assistir. O filme mostra a constante insatisfação com o presente, a magia que atribuímos ao passado e a necessidade de buscar a realização na realidade. Favorito de 2011 e da vida.

        29.12.11

        Cinema: Noite de Ano Novo


        Desde que assisti ao trailer, Noite de Ano Novo me pareceu um filme fraco. Posso dizer que, do elenco, gosto muito da Hilary Swank e do Zac Efron. Gosto pessoal mesmo, suficiente para me fazer assistir ao filme. Mas, falando sobre esse filme, antes preciso comentar uma coisa. Se tem um título que eu havia pensado para críticas a respeito de Noite de Ano Novo antes mesmo de assisti-lo era “mais do mesmo”. Mas, na época em que eu devorava revistas sobre cinema (especialmente a SET), lembro que ler uma crítica que começasse com “mais do mesmo”, ao invés de tirar a credibilidade do filme, tirava a credibilidade da crítica. Porque “mais do mesmo” é usar de falta de criatividade para falar da falta de criatividade de um filme. E, já disse e repito, eu sou do tipo que gosta dos clichês dos romances, então esse discurso não é do tipo que me convence a deixar de ver um filme. Voltemos a expressão que eu utilizei: filme fraco. É isso que ele é. Um filme usar de uma fórmula conhecida e ter um final previsível não faz dele um filme ruim, ele pode ser isso e ser muitas outras coisas como engraçado, divertido, emocionante, capaz de fazer as pessoas refletirem ou mesmo saírem do cinema renovadas. Mas Noite de Ano Novo não faz isso.


        O filme trata de uma porção de histórias, que mais cedo ou mais tarde, acabam se cruzando. Tem a filha que quer passar o ano novo com os amigos e a mãe não deixa, o carinha que odeia a festa de ano novo e fica preso no elevador com uma jovem que estava justamente indo cantar nessa comemoração, tem a senhora que pede demissão e quer cumprir uma lista de resoluções, e por aí vai. A mais chata dessas histórias, sem dúvida, é a do cantor que quer reatar com a moça da qual fugiu após pedi-la em casamento. Duas histórias eu gostei bastante: a do senhor ranzinza que está no hospital, morrendo sozinho e entristecido por uma vida onde ele assume ter agido mal com sua família; e a do homem que possui apenas um misterioso bilhete de uma paixão sua, garantindo encontrá-lo na festa de Ano Novo. Essa última acaba sendo o grande mistério do filme e foi muito bacana de acompanhar. As demais histórias não tem nada que as torne realmente interessantes.

        26.12.11

        Cinema: A Pele que Habito


        Assisti a esse filme no início do mês passado, mas precisamente dia onze (coleciono ingressos de cinema). Demorei para escrever sobre ele porque foi um caso diferente. Definitivamente, não gostei do filme. Mas algo nele chamou a minha atenção.


        Em A Pele que Habito, filme de Almodóvar, Antonio Banderas interpreta o Dr. Ledgard, um renomado cirurgião que se dedica à invenção de uma pele extremamente resistente. Tal dedicação se dá devido a um acidente que deixou sua mulher totalmente desfigurada. Não demora muito para que comecem a suspeitar se Ledgard agiu com ética ao realizar e aperfeiçoar sua descoberta. O filme mostra o caminho bastante surpreendente percorrido por ele até chegar ao ápice de sua invenção e as consequências disso.


        Quero comentar esse filme como uma forma de falar sobre o tipo de histórias e cenas que gosto ou não. A Pele que Habito é o tipo de filme que eu não gosto de assistir. Embora a história e o seu suspense tenham o seu valor e exista um público para esse estilo, eu não curto o tipo de incômodo que esse filme causa. Por exemplo, um aspecto que eu não aprecio nos filmes é a exploração da sexualidade de forma exagerada. Eu não gosto de cenas de sexo, muito menos repetidas vezes. Sempre acho que a retratação do sexo nos cinemas é bacana quando passada de uma forma romântica ou subentendida. Reconheço que A Pele que Habito não é e nem se propõe a ser um filme romântico, logo essa não seria uma falha do filme e sim um aspecto que não me agrada. Tantas cenas de sexo e, sobretudo, de estupro, fizeram com que eu passasse o filme com os olhos entreabertos como quem não quer ver, mas pagou para assistir.


        E foi assim que eu passei o filme inteiro: com os olhos entreabertos. Os estupros, as cenas de violência, a bizarrice da história, as características doentias das personagens...  Tudo isso me incomodava e causava um desconforto que eu não gosto de sentir. Parece óbvio dizer não gostar de sentir desconforto, visto que é um sentimento ruim, mas eu gosto, por exemplo, de sentir medo em filmes de terror.


        Mas preciso comentar o que o filme teve de positivo para mim. A Pele que Habito é sobre haver algo dentro de cada pessoa que é tão profundo e tão dela que ninguém consegue captar ou atingir isso. Aquilo que as pessoas conseguem perceber a respeito do outro no dia a dia e que pode ser modificado, seja externa ou mesmo internamente, são características que ainda estão na superfície. E não importa o quanto nossa superfície seja criticada, violada, afetada e transformada todos os dias, existe uma essência em cada um de nós que corresponde ao que somos realmente. Uma essência tão desconhecida quanto poderosa. E aí, eu preciso admitir, o filme agrada. E surpreende.

        22.12.11

        Cinema: Um Dia


        No início do ano, notei algumas pessoas lendo o livro Um dia e fiquei interessada em buscar informações sobre a história, coisa que acabei não fazendo. Quando vi o cartaz do filme, com todo aquele clima meio romântico, meio nostálgico, fiquei bastante curiosa. Para completar, Anne Hathaway, fabulosa e querida desde o meu amado filme O Diário da Princesa, está no elenco. Quanto à diretora, Lone Scherfig, a única referência que possuo é que o seu filme Educação está empoeirando na minha lista de filmes para assistir. Então, decidi que assistiria ao filme um pouco pela atriz, um pouco pelo cartaz, um pouco por saber que se tratava de um romance.


        Um dia é um romance/drama que conta a história de Emma e Dexter. Os dois se conhecem na noite de formatura, no dia 15 de julho de 1988. O que era para ter sido uma noite de sexo se transforma no início de uma forte ligação entre os dois, sempre entre a amizade e o amor. O filme mostra o que ocorre com esse relacionamento e na vida deles ao longo de vinte anos, contando o que se passa todo dia 15 de julho. O lado positivo da história ser contada baseando-se apenas em um dia do ano é que certos acontecimentos ficam subentendidos e, pelo menos em minha opinião, isso deu ao filme uma maior sensibilidade visto que as cenas que representariam tais acontecimentos acabam sendo representadas por diálogos onde o espectador descobre o que passou na vida da personagem ao longo do último ano. Um fator negativo é que, por serem vinte anos, ou seja, vinte dias quinze de julho, a impressão é a de que, para dar conta de mostrar esses vinte dias no tempo de um filme, a história passa correndo, o que prejudica um maior envolvimento com alguns acontecimentos. Imagino que isto não ocorra no livro (e aqui vale lembrar que o roteirista do filme é o próprio autor do livro, David Nicholls).


        Desde o início do filme Emma e Dexter são opostos. Emma é uma garota simples e muito inteligente. Enquanto trabalha como garçonete e adia a publicação de seu livro, Dexter consegue um emprego na TV e é um cara mimado e egoísta. O mais interessante é perceber como essa idéia de opostos é mostrada ao longo do filme. O passar dos anos mostra Emma cada vez menos apagada, tornando-se uma mulher forte e bem resolvida, usando o tempo a seu favor para crescimento pessoal e profissional. Dexter vai se degradando, como um cara que viveu os excessos da juventude e começa a envelhecer e sentir o peso das consequências de suas escolhas. E é o desespero de Dexter diante do vazio de sua vida que faz com que ele não seja inteiramente detestável, revelando-se um cara perdido e solitário. É exatamente nesses momentos que fica nítida a importância de Emma em sua vida. Tudo bem que a menina certinha ajudar o cara arrogante pode ser meio previsível, mas não significa que seja ruim.


        Um Dia retrata as mais diversas relações e as decepções geradas por elas: a dificuldade de relacionamento com os pais, a traição de um amigo, casamentos vazios e a tênue linha que separa a amizade do amor. Mas erra em um aspecto: parecendo a história contada com uma certa pressa, uma de suas cenas mais importantes falha ao não usar de sensibilidade para ser retratada - sensibilidade muito bem usada em outros momentos do filme. A cena acaba por ser meramente chocante, outro erro que eu imagino - e espero - que não ocorra no livro. Mas o filme não me decepcionou, é um bom romance, onde as personagens conquistam você. Fiquei com vontade de ler o livro.