31.5.12

O rockeiro e a diva

Os dois filmes sobre os quais eu vou falar nesse post, eu assisti em abril e já escrevi sobre eles no By Marina. De qualquer forma, eu gosto de deixar registrado aqui, na medida do possível, os filmes que eu assisto no cinema e há tempos eu queria escrever um pouquinho só sobre eles. ;)

1. Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio


Meu avô me levava e buscava de carro na escola. Além disso, qualquer outro passeio era desculpa para andar de carro com o vovô, fosse para levar a vovó para a fisioterapia ou simplesmente para comprar pão. Isso se estendeu da minha infância à minha adolescência. Hoje em dia, o vovô não dirige mais, mas uma característica desses passeios era a música. Vovô escuta muita música country, sertaneja, brega... E Raul Seixas. Foi ouvindo as músicas de Raul no carro do vovô que eu comecei a perceber que gostava daquilo.

Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio, dirigido por Wálter Carvalho, é um documentário que se encarregou de contar a trajetória do cantor, desde o menino que ia seguidas vezes ao cinema assistir aos filmes do Elvis até o homem que se envolveu com diversas mulheres e deixou algumas boas (ou não) histórias para serem contadas. Além de suas mulheres e filhas, contribuem com depoimentos pessoas como Paulo Coelho e Nelson Motta. Paulo Coelho foi um grande amigo de Raul, com quem o cantor compôs importantes músicas de sua carreira como “Tente Outra Vez”. A amizade entre os dois foi marcada por uma forma de vida muito intensa, com muitas drogas e relacionamentos que não davam certo. O documentário mostra como o envolvimento de Raul com o álcool atrapalhou consideravelmente a sua vida, ressalta a irreverência de seu trabalho e o quanto suas músicas ainda agradam multidões. (Falei sobre esse filme aqui.)

2. Sete Dias com Marilyn


Se o filme sobre o Raul Seixas é um documentário e se encarregou de mostrar toda a trajetória de sua vida, em Sete Dias com Marilyn acompanhamos apenas os bastidores da filmagem de um de seus filmes, O Príncipe Encantado. No entanto, esse simples recorte tem muito a nos dizer sobre essa diva do cinema que chamava toda a atenção para si por onde passava, mas vivia muito solitária. Michelle Williams <3 foi indicada ao Oscar por essa atuação e realmente tem um belíssimo desempenho nesse filme dirigido por Simon Curtis e que também conta com outra atriz que eu adoro, a Emma Watson. (Falei sobre esse filme aqui.)

Entre o documentário do Raul e o filme sobre a Marilyn, prefiro o segundo, embora sejam propostas diferentes sobre artistas diferentes, optar por contar apenas uma parte da vida da artista deixou o filme com muito mais sentimento e gostoso de assistir, fluindo como uma história mesmo!

13.5.12

Minha mãe indicou

Como eu cresci ouvindo a minha mãe contar sobre algumas histórias vistas - ou melhor, vividas - por ela no cinema, resolvi publicar hoje (Dia das Mães!) esse post especial "Minha mãe indicou", com filmes que eu não só assisti por indicação dela (e amei!), mas também por serem filmes pelos quais ela sempre demonstrou uma grande admiração.

1. Romeu e Julieta (1968)


Inúmeras vezes minha mãe descreveu a sua sensação ao assistir à essa história de amor no cinema, ressaltando o quanto aquele amor imenso e impossível mexeu com ela na sua adolescência. Por mais que a gente conheça a história de Romeu e Julieta e o seu trágico final, a gente sempre se emociona. No caso desse filme, o casal jovem que interpreta os dois apaixonados e a música belíssima contribuem pra nos deixar mais envolvidos com esse clássico de Shakespeare. O filme foi dirigido por Franco Zefirelli e é de 1968. Eu adoro o romance, o drama, o final trágico, o figurino, as danças...

2. Hair (1979)


Hair é outro filme sobre o qual eu cresci ouvindo falar. As roupas, os hippies, as músicas e o impactante final. Aliás, devo dizer que a minha mãe é fã desses finais, digamos, grandiosos. Não fazia ideia de que, quando eu assistisse ao filme, também ficaria encantada com ele. É um dos melhores musicais! Esse filme conta a história de um jovem, chamado Claude Bukowski, do interior dos Estados Unidos, que resolve se alistar para a Guerra do Vietña. Ao chegar em Nova York, ele conhece um grupo de hippies que, logicamente, discordam das suas escolhas e se mostram muito mais interessados em aproximar Claude de Sheila, por quem ele demonstra interesse. Uma das minhas cenas favoritas é a da música "I got life", dançada em cima da mesa da festa na qual os hippies e Claude entraram de penetra, a fim de fazer o jovem se declarar para Sheila.

3. Duets (2000)


Minha mãe é apaixonada por esse filme! E eu também! Duets conta a história de seis pessoas cujas vidas acabam se cruzando por causa de um concurso de karaokê. A vida de cada um deles no filme se mostra tão real quanto tocante. Embora todas as histórias tenham algo a dizer, a história interpretada pelo Paul Giamatti (um dos meus atores favoritos) é a mais especial. Um cara bem sucedido que buscou dar todo o conforto à sua família. No entanto, ninguém na casa parece notar a sua presença ou mesmo a presença uns dos outros. Ele diz à sua mulher que vai comprar cigarros e simplesmente some numa viagem que acaba por colocar em sua vida um ex-presidiário e o karaokê. As músicas cantadas por esses dois são as mais bonitas do filme, embora Cruisin', cantada por Huey Lewis e Gwyneth Paltrow também seja lindíssima.

Os filmes da sua mãe merecem um TOP 3?

1.5.12

Titanic é o começo de tudo

Ela é rica. Ele é pobre. Ela tem as passagens para viajar na primeira classe do navio anunciado como "inafundável". Ele consegue as passagens para a terceira classe em cima da hora, em uma aposta. Ela se sente sufocada pela vida da elite e pelo noivado com Caledon, com quem precisa se casar para salvar sua família que está falida e apenas conta com o bom nome. Por isso, decide se matar. Ele acredita que a vida é uma dádiva e quer aproveitá-la. Opostos, como em toda (boa) história de amor. E essa história de amor se passa a bordo do Titanic, o transatlântico que se chocou com um iceberg na noite de 14 de abril de 1912, fato que levou ao seu naufrágio. 


Sendo opostos, Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) possuem um delicioso ponto em comum nesse filme dirigido por James Cameron e que foi um grande vencedor do Oscar, gigantesco sucesso de 15 anos atrás. O ponto em comum está nas artes. Jack desenha mulheres que lhe chamam a atenção - uma prostituta sem uma perna mas com um grande senso de humor, uma senhora que usa todas as suas jóias e passa a noite num bar esperando pelo seu amor. Rose, nas primeiras cenas em que aparece, é vista colocando em seu quarto algumas obras de Picasso, contrariando o seu noivo que não vê naquelas obras nenhum tipo de valor. Rose acabará interessada nos desenhos de Jack e será desenhada por ele em um dos momentos mais bonitos de todo o filme, quando tudo o que ela veste é o colar chamado de "Coração do Oceano". Não por acaso, Rose dirá em outro momento que "o coração de uma mulher é um oceano de segredos".


O coração de Rose é um oceano de segredos e o vazio que ela sente em meio à primeira classe mexe com o espectador durante todo o filme. Ao mesmo tempo, a inocente alegria de Jack Dawson, misturada à um conhecimento das dificuldades da vida nos faz gostar muito do personagem. E o que Rose irá encontrar em Jack é justamente a vida. Sentir-se viva como a rotina em torno de sua mãe e de seu noivo jamais a teria feito se sentir. Quando Rose diz que Jack a salvou de todas as formas que uma mulher poderia ser salva, essa frase sintetiza toda a história de amor entre eles. Jack salvou a vida de Rose ao mesmo tempo em que ele lhe deu uma vida. E a vida que Jack dá a Rose é aquela que ela não tinha ao subir a bordo do Titanic. Um desastre em um navio com 2.200 pessoas, das quais apenas 700 conseguiram lugares nos botes. Mil e quinhentas enfrentariam o gelo do oceano. Em meio à isso, uma história de amor. Uma história de salvação.


Titanic é um filme sem igual. Temos a cena clássica e muito parodiada de Rose e Jack na proa do navio ou ainda a mão no vidro do carro embaçado. Tudo isso somado ao impacto das cenas da tragédia. Titanic, para mim, não é apenas um filme de grande sucesso, mas é uma obra que, indiretamente, iria determinar quem eu sou hoje. Se vocês não acham isso possível, pensem então que há 15 anos atrás minha irmã iria assistir esse filme e se encantar tanto com ele a ponto de voltar outras quatro vezes ao cinema para assistí-lo. Iria buscar todos os filmes do Leonardo DiCaprio. Ela estava então, sendo inserida no mundo do cinema. Daí, partiria para outros filmes, outros diretores, outras histórias, outros atores. E eu cresceria ouvindo sobre cinema, vendo os filmes que ela via, conhecendo um ou outro ator, gostando muito daquilo, sendo claramente influenciada, como toda irmã caçula que imita a mais velha. E eu acabaria, então, apaixonada por isso que chamamos de sétima arte. Titanic é uma tempestade de emoção e genialidade. E é em emoção e genialidade que eu penso quando digo amar cinema.