Num passado longínquo conhecido como o ano de 2003, eu, no auge dos meus treze anos, estava baixando umas músicas na internet, começando a amar os Beatles. Eu lia muitos blogs na época e através deles fui conhecendo artistas e buscando mais sobre eles. Foi assim que eu conheci esse primórdio de boy band chamava The Beatles, mas foi também assim que eu conheci uma cantora coreana chamada BoA. Ouvia algumas músicas dela, achava diferente a escrita do nome com esse "A" maiúsculo ao final e, claro, o próprio significado da palavra "boa" no Brasil, que ajudava a soar familiar e até engraçado. Ressaltando que eu tinha treze anos, é basicamente dessas coisas que eu lembro.
Quatro anos depois, minha irmã mais velha estava conhecendo uma boy band coreana chamada DBSK (ou TVXQ). Ela disse que se tivesse curtido a BoA comigo, lá em 2003, teria conhecido o DBSK em seu debut (sua estreia). Mas, tudo bem, lá estávamos nós ouvindo DBSK por volta de 2007/2008, pois não demorou muito para eu gostar também. Até hoje é a minha boy band coreana favorita e uma das melhores do mundo pra mim.
O DBSK acabou se separando por uma briga com a agência, três integrantes quiseram sair e processar a gravadora e dois quiseram continuar (do the math, o grupo tinha cinco integrantes). Os três que saíram formaram o JYJ e eu acabei não acompanhando mais*. Em 2011, o Junsu fez um show solo em um espaço bem pequeno em São Paulo e eu estava lá. A dupla restante vem apresentando trabalhos primorosos, um nível de qualidade artística que faz jus ao pop**.
Apesar de ter sido eu a ouvir a BoA em 2003, quem claramente é mais envolvida com música aqui em casa é a minha irmã. Ela escuta uma série de boy bands e girl bands coreanas, assim como artistas mais alternativos. Eventualmente, algo me chama mais a atenção e eu começo a gostar também. Mas, com o meu "recente" amorzinho, as coisas não aconteceram assim tão naturalmente.
Eu comecei a dar alguma atenção ao BTS após muita insistência da minha irmã. Ano passado ela foi a um show dos meninos em São Paulo e eu não podia estar me importando menos com tudo isso. A primeira vez que eu lembro de ter sentado para assistir ao BTS foi na premiação da Billboard, ano passado, em que eles foram receber o prêmio de "Top Social Artist". Minha irmã já estava naquela expectativa, acompanhando o tapete vermelho e eu parei displicentemente para assistir. A gritaria das fãs fazia os repórteres questionarem se não eram os novos Beatles. Resolvi continuar assistindo porque vi que a Vanessa Hudgens ia apresentar, pude ver a estreia solo da Camila Cabello (já amada desde os tempos de X-Factor e que também vem fazendo um trabalho pop muito bom) e a apresentação de Miley Cyrus com "Malibu". E no meio de todas essas mulheres artistas, eu acabei vendo uma coisa ou outra dos sete meninos do BTS e simpatizando com eles.
A minha irmã, que já vinha insistindo nessa tecla, percebeu ali a chance de me fazer gostar do grupo (sim, rolou todo um empenho e estratégia). Acabei começando a assistir uns episódios do BTS Run, que eles lançavam semanalmente (agora em hiatus) e quando vi eu estava verdadeiramente gostando dos rapazes. Ou seja, eu não comecei a gostar de BTS pela música, mas pelas personalidades, pela interação entre eles e toda a graça que eu vi nisso (o BTS Run é um programa dinâmico e bem humorado). Depois foi que eu comecei a prestar atenção nas músicas e ver ali mais do pop que eu gosto. A primeira música que eu lembro de ter amado e que até hoje é o meu vídeo clipe favorito, é o solo do Jimin em "Serendipity":
Dos solos recentes, eu também gosto muito do "Singularity", do Taehyung:
Bom, com todo esse caminho percorrido no k-pop, eu nunca tinha adquirido um álbum de nenhum artista (porém tentada com a beleza das imagens em "Keep your head down" do DBSK). E da mesma forma quase displicente que eu me tornei fã de BTS, também foi assim que eu adquiri meu primeiro álbum. Minha irmã (de novo, ela) comprou dois álbuns por causa dos cards (cada álbum vem com um card de algum integrante do grupo, em algum photoshoot, e ela coleciona os cards do Yoongi. Ela compra os álbuns e quando vem cards de outros integrantes, ela revende ou troca pelo site feices). Só que os dois álbuns vieram com o mesmo card do Taehyung, que é o meu bias (vulgo "favorito", nessa coisa divertida que é dividir integrantes de boy bands como pedaços de pizza***). Antes dela revender, perguntou se por acaso eu não queria ficar. E eu fiquei. Ou seja, o álbum caiu no meu colo. Meu primeiro álbum de K-pop! Yay!
*Muitas fãs tomaram partido nessa briga, eu não. Sei pouco sobre o que aconteceu e só não acompanhei o JYJ porque não me chamou atenção mesmo. Mas, como eu disse, fui ao show solo do Junsu em 2011.
**Como o gênero pop está relacionado com uma cultura de massa e a cultura de massa é vista como uma espécie de subcultura, muita gente parte do princípio de que a música pop é sem qualidade e desmerece não só ótimos artistas, como a capacidade crítica das fãs. E digo das fãs (no feminino), porque aí tem outro aspecto que alimenta o preconceito. O público é majoritariamente feminino e o pop é bem difundido entre adolescentes. A nossa sociedade coloca o universo feminino, sobretudo a caricatura do universo adolescente feminino como algo inferior. Novamente, o pop fica neste lugar de subcultura. Tudo bullshit, claro. Além disso, vale citar todo o esteriótipo de piada no qual a cultura ocidental coloca a população do dito "Extremo Oriente" (Japão, China, Coreia etc), o que contribui pra todas as piadinhas prontas (e preconceituosas) que a gente vê rolando por aí. Com tudo isso, pra muita gente, o K-pop está num nível em que se deveria ter vergonha de assumir gostar. As pessoas são bestas e não é de hoje.
***Vi essa analogia num programa da MTV com a Marina Person, falando sobre Backstreet Boys, se não me engano. Coisa antiga, também. Mas nunca esqueci pois é isso mesmo. E é parte da graça.
Como eu só postei solos do BTS, fiquem com essa música que sempre me dá vontade de chorar: