20.3.12

"John Carter" não empolga

Criada em 1912 pelo escritor americano Edgar Rice Burroughs, também criador do famoso personagem Tarzan, a história de John Carter é relativamente antiga. Andrew Stanton, o diretor do filme, é também fã do personagem e aprecia suas histórias desde garoto. Andrew é reconhecido pelo seu trabalho como diretor de excelentes animações, como Procurando Nemo (2003) e Wall-E (2008), que lhe renderam estatuetas do Oscar na categoria de melhor animação. John Carter - Entre Dois Mundos é a primeira experiência do diretor fora das animações.


John Carter (Taylor Kitsch) é misteriosamente transportado para Marte (chamado de Barsoon pelos marcianos) e se vê diante de uma guerra cuja única chance de paz parece estar no casamento forçado envolvendo a princesa Dejah Thoris (Lynn Collins), por quem ele se apaixona. Esse romance soa superficial o filme inteiro e não convence em momento algum (talvez apenas nos momentos finais, que tendem a ser mais emocionantes). Embora uma ou outra cena de ação seja bem feita, o filme é, de uma forma geral, bastante chato. Acho isso uma pena, pois quando penso apenas na história percebo que ela é interessante. Provavelmente eu teria gostado de ler os livros, mas o filme definitivamente não funcionou. O festival de roupas curtinhas mostrando os músculos do personagem principal e as pernas e barriga da princesa passavam uma impressão tão forçada que chegava a ser tosco (uuuh, como somos sexys em Marte!). Segundo texto no site da Veja, o investimento no filme foi de 250 milhões de dólares, tendo arrecadado apenas 30 milhões no seu final de semana de estreia nos EUA, indicando um prejuízo para a Disney. O filme tem de tudo: ficção científica, aventura, ação e fantasia. Mas faltou tempero.

Tem dica minha de livro no By Marina, no texto Dica de livro: Adestramento Inteligente. E no post A maquiagem no cinema: Comparando filmes, eu estou falando sobre a maquiagem em "A Dama de Ferro" e "J. Edgar". Pra quem não lembra eu tinha comentado aqui o quanto achei esquisita a maquiagem para envelhecimento no filme com o Leonardo DiCaprio.

10.3.12

Um personagem completo... Sem nome

Mesmo sabendo que Drive era um filme de ação, resolvi dar uma chance à ele e, vejam só, não houve arrependimento até a metade do filme. Ryan Gossling interpreta um cara que trabalha como dublê de cenas de perseguição de carros, ajuda em uma oficina e, eventualmente, atua como motorista em fugas de crimes. O personagem, completamente indecifrável, é marcado pela sua jaqueta com um escorpião e o palito de dentes que vive mastigando. Ele fica interessado na vizinha Irene (Carey Mulligan), que cria sozinha um filho pequeno enquanto seu marido, Standard (Oscar Isaac) está na prisão. O personagem sem nome interpretado por Ryan, a fim de proteger a vizinha e a criança, acaba resolvendo ajudar Standard a pagar uma dívida ao sair da cadeia. E aí o filme começa a mudar, adquirindo uma cara extremamente violenta. Pessoalmente falando, achei o filme muito bom até a metade, da metade para o final só não torna-se descartável porque sua trilha sonora é excelente. E quando digo descartável, digo isso baseada apenas na minha falta de gosto por cenas de violência pura (exceto as de Tarantino, talvez).


Embora não seja um filme que eu veria novamente, gostei de ter assistido, pois Drive não é o típico filme de ação com os seus clichês insuportáveis. O personagem principal parece estar decidido a fazer justiça e não é em aspecto algum um herói digno de honras. Exatamente por ser tão “blindado”, desde o início do filme sabemos que não estamos vendo nenhum mocinho. O mais interessante é quando todos os elementos que constituem esse personagem se fundem: a oficina, o dublê e o motorista. Os amantes de cinema que têm mais estômago que eu certamente aprovam o filme.

1.3.12

Mais um pouco de realidade no cinema

Falei recentemente por aqui sobre filmes que contam a história de pessoas reais: J. EdgarA Dama de Ferro e até mesmo o último comentado aqui, A invenção de Hugo Cabret, embora este último tenha uma abordagem que foge mais ao real. Nessa semana assisti O Homem que Mudou o Jogo, do diretor Bennett Miller, filme que mostra a vida de Billy Beane (interpretado por Brad Pitt), gerente de um time de baseball chamado Oakland Athletics. Quando Billy se junta com o formado em Economia, Peter Brand, ele resolve colocar em prática um plano de estatísticas que os ajuda a encontrar atletas bons em determinada característica e que custam barato. Esse plano, aos olhos dos demais profissionais da área, parece uma atitude irracional, mas Billy insiste em provar sua credibilidade.


O filme fala o tempo todo sobre baseball e para alguém como eu, que não gosta de esportes e nada sabe sobre este em específico, alguns diálogos acabam sendo difíceis de entender. Claro que dá pra entender o filme, até porque ele está além do jogo, mas todo o esquema de contrato dos jogadores e o seu treinamento acaba sendo cansativo de acompanhar (e eles ocorrem durante todo o filme!). No entanto, adoro quando eu consigo simpatizar com um personagem (como foi com a Celia Foote em "Histórias Cruzadas" e com tantos outros). Nesse caso, o melhor personagem de O Homem que Mudou o Jogo é o Peter Brand (Jonah Hill). Apesar da história de Billy Beane e da interpretação indicada ao Oscar de Brad Pitt, não acredito que o filme teria a mesma graça sem a vida que Jonah Hill dá a seu personagem.

Como escrevi em meu twitter, o filme é daquele tipo que acaba valendo a pena por uma cena. Nem sempre a história consegue envolver completamente o espectador, mas às vezes uma simples cena acaba por tornar tudo melhor. Cito como exemplo a última cena de Os Descendentes, da família no sofá. Aparentemente não tem nada demais, mas ela sintetizou todo o filme. No caso de O Homem que Mudou o Jogo, a cena que me envolveu completamente foi a de Brad Pitt no carro, no momento onde tudo que aparece são os seus olhos e eles acabam por revelar todo o interior do personagem.