Este texto foi publicado no dia 30 de abril de 2012, no blog Em Quantos. Eu sempre gostei muito da história de Narciso. Não lembrava da existência desse texto e não lembro quem era as pessoas nas quais eu estava pensando ao escrever o texto. Eu sei que nessa época eu estava em relacionamento MUITO ABUSIVO. Sequer achei este texto um bom texto, mas é, com certeza, um bom registro do meu passado.
Publico a seguir, exatamente da mesma forma que o original.
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Esse é o meu primeiro post aqui. Espero que gostem.
Uma história que sempre me atraiu muito (e quando digo sempre, quero dizer "desde a minha infância") é a história de Narciso. Havia escrito sobre esse mito em um antigo blog, mas o texto se perdeu e como recentemente tenho andado às voltas com pessoas narcísicas e feridas narcísicas, resolvi escrever sobre ele aqui. Não desconsidero que todos somos narcísicos. Aliás, acho isso uma grande verdade. Mas também acho verdade que existem pessoas que SÓ enxergam a si mesmas. Não quero me prender à mitologia em si, pois conheço várias versões, mas vou me arriscar a falar algo sobre.
Narciso era um rapaz muito belo e desejado por todas as mulheres, das quais ele desdenhava. Uma dessas mulheres acabou definhando, entristecida com a rejeição de Narciso. Narciso, então, foi condenado a se apaixonar pela única pessoa que ele jamais poderia possuir: ele mesmo. E foi assim que, ao ver seu reflexo na água, ele se apaixonou pela bela imagem e, tentando alcançá-la, acabou se atirando no lago e morrendo afogado. No lugar de seu corpo, teria nascido a flor chamada Narciso, envergada como o próprio, admirado com o seu reflexo.
Se essa história possui falhas ou está muito simplificada, pouco importa. O que eu quero, na verdade, é atentar para as pessoas narcísicas com as quais temos que conviver. Pessoas ao nosso redor - e às vezes próximas demais - que pensam apenas nelas mesmas, submetendo os outros às suas vontades e vaidades. E quando digo vontades e vaidades, não limito-me apenas à questão da aparência. Quantas não são as pessoas que cobram tanto dos outros quando julgam algo importante e querem todo o tipo de atenção e comemoração para as suas conquistas, mas menosprezam ou simplesmente não enxergam o que é importante para o outro? Quantas vezes não nos esforçamos para agradar a alguém e não vemos nenhum tipo de esforço da pessoa nesse sentido? Não é fazer por interesse esperando algo em troca, mas se esforçar num relacionamento (qualquer tipo de relacionamento, por mais impessoal que possa ser - inclusive em um trabalho) e esperar o mesmo tipo de empenho do outro, pois relacionamentos não são construídos com esforços de uma pessoa só. Estou falando sobre a compreensão de que uma troca espontânea é necessária. O problema em conviver com pessoas muito narcísicas é acabar definhando, como a jovem apaixonada por Narciso, que tanto dedicou seu amor e admiração à ele, sem obter nenhum tipo de retorno. Toda relação é uma troca. Se não há troca, melhor não haver relação.