11.5.21

os mais narcísicos

Este texto foi publicado no dia 30 de abril de 2012, no blog Em Quantos. Eu sempre gostei muito da história de Narciso. Não lembrava da existência desse texto e não lembro quem era as pessoas nas quais eu estava pensando ao escrever o texto. Eu sei que nessa época eu estava em relacionamento MUITO ABUSIVO. Sequer achei este texto um bom texto, mas é, com certeza, um bom registro do meu passado. 

Publico a seguir, exatamente da mesma forma que o original.

_

Esse é o meu primeiro post aqui. Espero que gostem.

Uma história que sempre me atraiu muito (e quando digo sempre, quero dizer "desde a minha infância") é a história de Narciso. Havia escrito sobre esse mito em um antigo blog, mas o texto se perdeu e como recentemente tenho andado às voltas com pessoas narcísicas e feridas narcísicas, resolvi escrever sobre ele aqui. Não desconsidero que todos somos narcísicos. Aliás, acho isso uma grande verdade. Mas também acho verdade que existem pessoas que  enxergam a si mesmas. Não quero me prender à mitologia em si, pois conheço várias versões, mas vou me arriscar a falar algo sobre.

Narciso era um rapaz muito belo e desejado por todas as mulheres, das quais ele desdenhava. Uma dessas mulheres acabou definhando, entristecida com a rejeição de Narciso. Narciso, então, foi condenado a se apaixonar pela única pessoa que ele jamais poderia possuir: ele mesmo. E foi assim que, ao ver seu reflexo na água, ele se apaixonou pela bela imagem e, tentando alcançá-la, acabou se atirando no lago e morrendo afogado. No lugar de seu corpo, teria nascido a flor chamada Narciso, envergada como o próprio, admirado com o seu reflexo. 


Se essa história possui falhas ou está muito simplificada, pouco importa. O que eu quero, na verdade, é atentar para as pessoas narcísicas com as quais temos que conviver. Pessoas ao nosso redor - e às vezes próximas demais - que pensam apenas nelas mesmas, submetendo os outros às suas vontades e vaidades. E quando digo vontades e vaidades, não limito-me apenas à questão da aparência. Quantas não são as pessoas que cobram tanto dos outros quando julgam algo importante e querem todo o tipo de atenção e comemoração para as suas conquistas, mas menosprezam ou simplesmente não enxergam o que é importante para o outro? Quantas vezes não nos esforçamos para agradar a alguém e não vemos nenhum tipo de esforço da pessoa nesse sentido? Não é fazer por interesse esperando algo em troca, mas se esforçar num relacionamento (qualquer tipo de relacionamento, por mais impessoal que possa ser - inclusive em um trabalho) e esperar o mesmo tipo de empenho do outro, pois relacionamentos não são construídos com esforços de uma pessoa só. Estou falando sobre a compreensão de que uma troca espontânea é necessária. O problema em conviver com pessoas muito narcísicas é acabar definhando, como a jovem apaixonada por Narciso, que tanto dedicou seu amor e admiração à ele, sem obter nenhum tipo de retorno. Toda relação é uma troca. Se não há troca, melhor não haver relação.