24.6.12

A Hospedeira: Ficção científica e romance

Pensei na palavra desajustado um momento. Talvez fosse a melhor descrição de mim mesma que eu já tivesse ouvido. Onde foi que um dia eu me encaixei?
A Hospedeira, Stephenie Meyer

A Hospedeira é a nova história de Stephenie Meyer, autora da saga Crepúsculo, a ganhar uma versão nas telonas, com estreia para o ano que vem. Diferente da tão famosa saga, que nunca chamou a minha atenção a ponto de me fazer ler os livros, quando li a respeito da história de A Hospedeira, a achei muito interessante e, na primeira oportunidade que tive, comprei o livro. O livro mostra o nosso planeta tomado por invasores que transformam o corpo humano em hospedeiro. As almas invasoras são inseridas nesses corpos, tendo domínio da mente. A alteração no corpo é mínima: os olhos ganham um brilho prateado e todos eles tem uma marca no pescoço, que correponde ao ponto de inserção da alma. É por meio dessas alterações que as almas conseguem reconhecer os humanos resistentes, que vivem escondidos para não terem suas vidas perdidas para as almas. É uma ficção científica, mas muito de leve (quase não é). Achei mais um romance (no sentido de amor mesmo).


A história se passa em torno de Melanie e Peregrina, que habitam o mesmo corpo humano. Melanie é a humana que fazia parte da resistência, mas foi capturada e teve a alma Peregrina inserida em seu corpo. No entanto, Peregrina encontra dificuldades com o seu corpo humano ao perceber que Melanie ainda está presente em sua mente. Melanie ocupa os pensamentos de Peregrina (e dela) com imagens do homem pelo qual é apaixonada (Jared), fazendo com que Peregrina se sinta atraída por ele, incapaz de controlar os desejos de seu corpo.

A grande questão é que as almas invasoras vieram pacificar o planeta. Elas acabam com todo tipo de desvio de caráter existente nos humanos, desde a violência e a guerra até desonestidades do dia a dia (como roubar em uma partida de futebol). Ao mesmo tempo em que elas tem por essência a bondade, elas também são um pouco assustadoras na sua perfeição. Os humanos, por sua vez, como habitantes originais, tem a sua razão em odiar as almas e, principalmente, temê-las, visto que eles precisam viver escondidos.

Algumas coisas me incomodaram. Uma delas é a forma como ela descreve os personagens masculinos que deseja que pareçam atraentes para o leitor. Eles são fortes e não perdem oportunidade de demonstrar isso protegendo o que (ou quem) desejam com o uso da força contra os outros, são líderes e sempre muito atraentes. Eu tenho muita preguiça disso, sério. Outra coisa chatinha é o amor homem-mulher que ela coloca como o mais forte de todos, exagerado e às vezes cansativo. Eu adoro romances e amores exagerados e dramáticos, mas no caso do livro, às vezes eu ficava sem paciência.

A autora disse que procurou abordar no livro todas as formas de amor: "o amor pela comunidade, pelo próprio "eu", pela família - o amor romântico e o amor platônico." De fato, o livro explora o amor em todos os seus sentidos. Mas, como meus personagens preferidos foram a Peregrina e o Ian, o que mais me atraiu foi a ideia de desajuste. Nesse sentido, não vou falar muito, para não acabar escrevendo spoilers. Mas pensem em humanos escondidos no próprio planeta ou em almas invadindo esse planeta e se adaptando às intensas emoções humanas. Quando a gente se envolve com a história e com Peregrina, o termo desajustado ganha sentido. Uma alma que viveu em muitos planetas e nunca se sentiu pertencente à nenhum deles. E eu, que adoro uma história de desajustado, me identifiquei.  

O trailer do filme, para quem ficou interessado:


(Eu já havia comentado o meu amor por histórias de desajustados aqui. E também falei sobre o livro no By Marina.)