30.8.12

Rock of Ages

Rock dos anos 80, Tom Cruise e Russell Brand são três coisas que não despertam o meu interesse. Além disso, quando vi o cartaz do filme, achei a produção bastante caricata e o excesso de glamour passado na imagem contribuiu mais para uma sensação de que o filme seria superficial do que exatamente rock’n roll. Por conta de todas essas coisas eu não estava animada para assistir ao filme, mas todo o estardalhaço em torno da sua estreia fez com que eu decidisse ir lá dar uma conferida. É claro que eu estou falando desse jeito porque isso aqui é uma opinião pessoal. Li muitas críticas negativas a respeito do filme, mas também vi muita gente empolgada com as músicas e com o elenco.


O filme, uma adaptação de um musical da Broadway, conta a história de uma menina do interior chamada Sherrie (Julliane Hough), que decide ir para Los Angeles tentar a sorte e seguir seu sonho com uma carreira de cantora. Chegando lá, ela conhece Drew (Diego Bonneta), um jovem que trabalha em um bar que toca rock e que logo arruma para a menina um emprego no tal lugar. Fato é que o bar/boate está correndo o risco de ter suas portas fechadas e conta com o grande show do astro do rock Stacee Jax (Tom Cruise) para que isso não ocorra. No entanto, Stacee é um artista bastante problemático e seu empresário (Paul Giammati \o/) é um pilantra. Para completar, a mulher do prefeito (Catherine Zeta-Jones, linda!) quer acabar com a imoralidade que ela acredita estar associada ao rock, à boate e, sobretudo, à figura de Stacee Jax. Toda essa história é embalada por sucessos dos anos 80 e conta com brincadeiras em torno do esteriótipo das estrelas e do cenário da época.

Achei o musical ruim em dois aspectos que são muito fortes nele: a comédia e o estilo das músicas. As cenas engraçadas, geralmente em torno de Stacee Jax e do personagem do Russell Brand, não são o tipo de comédia que eu costumo achar divertida. É bobo e exagerado em muitos aspectos. Já as músicas cantadas pelo casal principal viraram música pop, de forma que a história de amor dos dois, quando cantada, não parece muito diferente da de Troy e Gabriella no filme High School Musical. A diferença é que deste último eu gosto.

24.6.12

A Hospedeira: Ficção científica e romance

Pensei na palavra desajustado um momento. Talvez fosse a melhor descrição de mim mesma que eu já tivesse ouvido. Onde foi que um dia eu me encaixei?
A Hospedeira, Stephenie Meyer

A Hospedeira é a nova história de Stephenie Meyer, autora da saga Crepúsculo, a ganhar uma versão nas telonas, com estreia para o ano que vem. Diferente da tão famosa saga, que nunca chamou a minha atenção a ponto de me fazer ler os livros, quando li a respeito da história de A Hospedeira, a achei muito interessante e, na primeira oportunidade que tive, comprei o livro. O livro mostra o nosso planeta tomado por invasores que transformam o corpo humano em hospedeiro. As almas invasoras são inseridas nesses corpos, tendo domínio da mente. A alteração no corpo é mínima: os olhos ganham um brilho prateado e todos eles tem uma marca no pescoço, que correponde ao ponto de inserção da alma. É por meio dessas alterações que as almas conseguem reconhecer os humanos resistentes, que vivem escondidos para não terem suas vidas perdidas para as almas. É uma ficção científica, mas muito de leve (quase não é). Achei mais um romance (no sentido de amor mesmo).


A história se passa em torno de Melanie e Peregrina, que habitam o mesmo corpo humano. Melanie é a humana que fazia parte da resistência, mas foi capturada e teve a alma Peregrina inserida em seu corpo. No entanto, Peregrina encontra dificuldades com o seu corpo humano ao perceber que Melanie ainda está presente em sua mente. Melanie ocupa os pensamentos de Peregrina (e dela) com imagens do homem pelo qual é apaixonada (Jared), fazendo com que Peregrina se sinta atraída por ele, incapaz de controlar os desejos de seu corpo.

A grande questão é que as almas invasoras vieram pacificar o planeta. Elas acabam com todo tipo de desvio de caráter existente nos humanos, desde a violência e a guerra até desonestidades do dia a dia (como roubar em uma partida de futebol). Ao mesmo tempo em que elas tem por essência a bondade, elas também são um pouco assustadoras na sua perfeição. Os humanos, por sua vez, como habitantes originais, tem a sua razão em odiar as almas e, principalmente, temê-las, visto que eles precisam viver escondidos.

Algumas coisas me incomodaram. Uma delas é a forma como ela descreve os personagens masculinos que deseja que pareçam atraentes para o leitor. Eles são fortes e não perdem oportunidade de demonstrar isso protegendo o que (ou quem) desejam com o uso da força contra os outros, são líderes e sempre muito atraentes. Eu tenho muita preguiça disso, sério. Outra coisa chatinha é o amor homem-mulher que ela coloca como o mais forte de todos, exagerado e às vezes cansativo. Eu adoro romances e amores exagerados e dramáticos, mas no caso do livro, às vezes eu ficava sem paciência.

A autora disse que procurou abordar no livro todas as formas de amor: "o amor pela comunidade, pelo próprio "eu", pela família - o amor romântico e o amor platônico." De fato, o livro explora o amor em todos os seus sentidos. Mas, como meus personagens preferidos foram a Peregrina e o Ian, o que mais me atraiu foi a ideia de desajuste. Nesse sentido, não vou falar muito, para não acabar escrevendo spoilers. Mas pensem em humanos escondidos no próprio planeta ou em almas invadindo esse planeta e se adaptando às intensas emoções humanas. Quando a gente se envolve com a história e com Peregrina, o termo desajustado ganha sentido. Uma alma que viveu em muitos planetas e nunca se sentiu pertencente à nenhum deles. E eu, que adoro uma história de desajustado, me identifiquei.  

O trailer do filme, para quem ficou interessado:


(Eu já havia comentado o meu amor por histórias de desajustados aqui. E também falei sobre o livro no By Marina.)

31.5.12

O rockeiro e a diva

Os dois filmes sobre os quais eu vou falar nesse post, eu assisti em abril e já escrevi sobre eles no By Marina. De qualquer forma, eu gosto de deixar registrado aqui, na medida do possível, os filmes que eu assisto no cinema e há tempos eu queria escrever um pouquinho só sobre eles. ;)

1. Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio


Meu avô me levava e buscava de carro na escola. Além disso, qualquer outro passeio era desculpa para andar de carro com o vovô, fosse para levar a vovó para a fisioterapia ou simplesmente para comprar pão. Isso se estendeu da minha infância à minha adolescência. Hoje em dia, o vovô não dirige mais, mas uma característica desses passeios era a música. Vovô escuta muita música country, sertaneja, brega... E Raul Seixas. Foi ouvindo as músicas de Raul no carro do vovô que eu comecei a perceber que gostava daquilo.

Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio, dirigido por Wálter Carvalho, é um documentário que se encarregou de contar a trajetória do cantor, desde o menino que ia seguidas vezes ao cinema assistir aos filmes do Elvis até o homem que se envolveu com diversas mulheres e deixou algumas boas (ou não) histórias para serem contadas. Além de suas mulheres e filhas, contribuem com depoimentos pessoas como Paulo Coelho e Nelson Motta. Paulo Coelho foi um grande amigo de Raul, com quem o cantor compôs importantes músicas de sua carreira como “Tente Outra Vez”. A amizade entre os dois foi marcada por uma forma de vida muito intensa, com muitas drogas e relacionamentos que não davam certo. O documentário mostra como o envolvimento de Raul com o álcool atrapalhou consideravelmente a sua vida, ressalta a irreverência de seu trabalho e o quanto suas músicas ainda agradam multidões. (Falei sobre esse filme aqui.)

2. Sete Dias com Marilyn


Se o filme sobre o Raul Seixas é um documentário e se encarregou de mostrar toda a trajetória de sua vida, em Sete Dias com Marilyn acompanhamos apenas os bastidores da filmagem de um de seus filmes, O Príncipe Encantado. No entanto, esse simples recorte tem muito a nos dizer sobre essa diva do cinema que chamava toda a atenção para si por onde passava, mas vivia muito solitária. Michelle Williams <3 foi indicada ao Oscar por essa atuação e realmente tem um belíssimo desempenho nesse filme dirigido por Simon Curtis e que também conta com outra atriz que eu adoro, a Emma Watson. (Falei sobre esse filme aqui.)

Entre o documentário do Raul e o filme sobre a Marilyn, prefiro o segundo, embora sejam propostas diferentes sobre artistas diferentes, optar por contar apenas uma parte da vida da artista deixou o filme com muito mais sentimento e gostoso de assistir, fluindo como uma história mesmo!

13.5.12

Minha mãe indicou

Como eu cresci ouvindo a minha mãe contar sobre algumas histórias vistas - ou melhor, vividas - por ela no cinema, resolvi publicar hoje (Dia das Mães!) esse post especial "Minha mãe indicou", com filmes que eu não só assisti por indicação dela (e amei!), mas também por serem filmes pelos quais ela sempre demonstrou uma grande admiração.

1. Romeu e Julieta (1968)


Inúmeras vezes minha mãe descreveu a sua sensação ao assistir à essa história de amor no cinema, ressaltando o quanto aquele amor imenso e impossível mexeu com ela na sua adolescência. Por mais que a gente conheça a história de Romeu e Julieta e o seu trágico final, a gente sempre se emociona. No caso desse filme, o casal jovem que interpreta os dois apaixonados e a música belíssima contribuem pra nos deixar mais envolvidos com esse clássico de Shakespeare. O filme foi dirigido por Franco Zefirelli e é de 1968. Eu adoro o romance, o drama, o final trágico, o figurino, as danças...

2. Hair (1979)


Hair é outro filme sobre o qual eu cresci ouvindo falar. As roupas, os hippies, as músicas e o impactante final. Aliás, devo dizer que a minha mãe é fã desses finais, digamos, grandiosos. Não fazia ideia de que, quando eu assistisse ao filme, também ficaria encantada com ele. É um dos melhores musicais! Esse filme conta a história de um jovem, chamado Claude Bukowski, do interior dos Estados Unidos, que resolve se alistar para a Guerra do Vietña. Ao chegar em Nova York, ele conhece um grupo de hippies que, logicamente, discordam das suas escolhas e se mostram muito mais interessados em aproximar Claude de Sheila, por quem ele demonstra interesse. Uma das minhas cenas favoritas é a da música "I got life", dançada em cima da mesa da festa na qual os hippies e Claude entraram de penetra, a fim de fazer o jovem se declarar para Sheila.

3. Duets (2000)


Minha mãe é apaixonada por esse filme! E eu também! Duets conta a história de seis pessoas cujas vidas acabam se cruzando por causa de um concurso de karaokê. A vida de cada um deles no filme se mostra tão real quanto tocante. Embora todas as histórias tenham algo a dizer, a história interpretada pelo Paul Giamatti (um dos meus atores favoritos) é a mais especial. Um cara bem sucedido que buscou dar todo o conforto à sua família. No entanto, ninguém na casa parece notar a sua presença ou mesmo a presença uns dos outros. Ele diz à sua mulher que vai comprar cigarros e simplesmente some numa viagem que acaba por colocar em sua vida um ex-presidiário e o karaokê. As músicas cantadas por esses dois são as mais bonitas do filme, embora Cruisin', cantada por Huey Lewis e Gwyneth Paltrow também seja lindíssima.

Os filmes da sua mãe merecem um TOP 3?

1.5.12

Titanic é o começo de tudo

Ela é rica. Ele é pobre. Ela tem as passagens para viajar na primeira classe do navio anunciado como "inafundável". Ele consegue as passagens para a terceira classe em cima da hora, em uma aposta. Ela se sente sufocada pela vida da elite e pelo noivado com Caledon, com quem precisa se casar para salvar sua família que está falida e apenas conta com o bom nome. Por isso, decide se matar. Ele acredita que a vida é uma dádiva e quer aproveitá-la. Opostos, como em toda (boa) história de amor. E essa história de amor se passa a bordo do Titanic, o transatlântico que se chocou com um iceberg na noite de 14 de abril de 1912, fato que levou ao seu naufrágio. 


Sendo opostos, Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) possuem um delicioso ponto em comum nesse filme dirigido por James Cameron e que foi um grande vencedor do Oscar, gigantesco sucesso de 15 anos atrás. O ponto em comum está nas artes. Jack desenha mulheres que lhe chamam a atenção - uma prostituta sem uma perna mas com um grande senso de humor, uma senhora que usa todas as suas jóias e passa a noite num bar esperando pelo seu amor. Rose, nas primeiras cenas em que aparece, é vista colocando em seu quarto algumas obras de Picasso, contrariando o seu noivo que não vê naquelas obras nenhum tipo de valor. Rose acabará interessada nos desenhos de Jack e será desenhada por ele em um dos momentos mais bonitos de todo o filme, quando tudo o que ela veste é o colar chamado de "Coração do Oceano". Não por acaso, Rose dirá em outro momento que "o coração de uma mulher é um oceano de segredos".


O coração de Rose é um oceano de segredos e o vazio que ela sente em meio à primeira classe mexe com o espectador durante todo o filme. Ao mesmo tempo, a inocente alegria de Jack Dawson, misturada à um conhecimento das dificuldades da vida nos faz gostar muito do personagem. E o que Rose irá encontrar em Jack é justamente a vida. Sentir-se viva como a rotina em torno de sua mãe e de seu noivo jamais a teria feito se sentir. Quando Rose diz que Jack a salvou de todas as formas que uma mulher poderia ser salva, essa frase sintetiza toda a história de amor entre eles. Jack salvou a vida de Rose ao mesmo tempo em que ele lhe deu uma vida. E a vida que Jack dá a Rose é aquela que ela não tinha ao subir a bordo do Titanic. Um desastre em um navio com 2.200 pessoas, das quais apenas 700 conseguiram lugares nos botes. Mil e quinhentas enfrentariam o gelo do oceano. Em meio à isso, uma história de amor. Uma história de salvação.


Titanic é um filme sem igual. Temos a cena clássica e muito parodiada de Rose e Jack na proa do navio ou ainda a mão no vidro do carro embaçado. Tudo isso somado ao impacto das cenas da tragédia. Titanic, para mim, não é apenas um filme de grande sucesso, mas é uma obra que, indiretamente, iria determinar quem eu sou hoje. Se vocês não acham isso possível, pensem então que há 15 anos atrás minha irmã iria assistir esse filme e se encantar tanto com ele a ponto de voltar outras quatro vezes ao cinema para assistí-lo. Iria buscar todos os filmes do Leonardo DiCaprio. Ela estava então, sendo inserida no mundo do cinema. Daí, partiria para outros filmes, outros diretores, outras histórias, outros atores. E eu cresceria ouvindo sobre cinema, vendo os filmes que ela via, conhecendo um ou outro ator, gostando muito daquilo, sendo claramente influenciada, como toda irmã caçula que imita a mais velha. E eu acabaria, então, apaixonada por isso que chamamos de sétima arte. Titanic é uma tempestade de emoção e genialidade. E é em emoção e genialidade que eu penso quando digo amar cinema.


23.4.12

Mocinhas menos bobinhas

A história da Branca de Neve marcou a minha infância por ter sido o filme da Disney que eu mais assisti, embora hoje já não seja um dos meus favoritos. Adoro lembrar de algumas coisas como: o Zangado era o personagem que eu mais gostava (rolava uma identificação) e eu me escondia atrás da minha mãe na cena em que a bruxa se transformava na velhinha com a maçã, embora eu adorasse essa parte. Coisas da infância. Nostálgica como sou, gosto de relembrar as sensações que eu tinha em determinadas situações, especialmente em filmes.

Quando vi o cartaz de Espelho, Espelho Meu, após a empolgação por se tratar da história da Branca de Neve, a primeira coisa que notei foi a semelhança da atriz principal, Lily Collins, com a Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, na foto do cartaz. Aliás, fiquei apaixonada pelas sobrancelhas grossas da atriz. Adoro sobrancelhas grossas e expressivas, lembro da Frida Kahlo <3 e todo o seu colorido e, automaticamente, vejo personalidade e originalidade.


A classificação indicativa do filme é livre e no cinema mais próximo da minha casa ele só estava sendo exibido dublado e foi assim que o assisti. Eu acho que quando comédias são dubladas as piadas perdem consideravelmente a sua graça e sentido original e acredito que isso tenha acontecido em alguns momentos desse filme, mas sei que não foi apenas pela dublagem que o filme pareceu bobo. "Você é a azeitona da minha empadinha" não tem a menor graça, assim como a poção dada ao príncipe que o faz agir como cachorro também não tem. Eu gosto de histórias infantis e acredito que, embora aparentemente destinadas às crianças, elas se aplicam perfeitamente à adultos (e distraem também), mas nesse caso por mais que eu tenha gostado da proposta, o filme não convenceu.

Em Espelho, Espelho Meu, a Rainha Má cobra cada vez mais impostos da população de seu reino para bancar luxos e festas. Com o reino indo à falência, ela encontra a solução para o seu problema num possível casamento com um príncipe de outro reino (interpretado por Armie Hammer, o ator que fez os gêmeos no filme A Rede Social e o Sr. Tolson em J. Edgar), mas o príncipe e a Branca de Neve estão começando a gostar um do outro, o que faz a Rainha decidir matar a menina. Escondida na floresta, Branca de Neve encontra os Sete Anões. E aí a história realmente muda de figura, porque a princesa não é representada como a coitadinha que precisa de um beijo de amor verdadeiro do príncipe valente, mas ela mesma sai em sua própria defesa.


Embora o filme seja relativamente ruim, acho interessante observar essa proposta cada vez mais frequente das princesas independentes. Acho que algo parecido será visto em Branca de Neve e o Caçador, filme com a Kristen Stewart que estreia em junho. Nesse filme, a Rainha manda o caçador ir atrás da desaparecida Branca de Neve e matá-la, mas quando o caçador a encontra ele decide ensiná-la a cuidar de si mesma. Eu sempre vou querer ir ao cinema assistir histórias que falem de princesas e lembrem a minha infância, não importando se elas dormem cem anos e são salvas com um beijo ou se elas pegam em espadas e lutam contra monstros - papel antes destinado aos príncipes. Acredito que a nova forma de retratar as princesas venha de uma necessidade de recontar essas histórias de forma que elas se tornem mais adequadas para as crianças de hoje. E isso não vem apenas do fato das mulheres possuírem mais independência do que possuíam quando, por exemplo, a Disney contava essas histórias ou mesmo quando esses contos foram escritos, mas também vem do fato de que as crianças estão cada vez mais independentes. Lógico que essa independência tem o seu lado negativo - na minha opinião, um grande lado negativo. Mas também mostra que essas crianças já não devem ter mais paciência para mocinhas tão bobinhas. Bom, ao menos espero que não.

19.4.12

A menos que.

O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida é uma animação elaborada pelos mesmos criadores do excelente Meu Malvado Favorito e baseada na história criada pelo Dr. Seuss. Embora o filme seja mais infantil do que as animações que eu costumo gostar, a mensagem me surpreendeu. 
 
Ted vive em uma cidade onde tudo é feito de plástico, os habitantes querem adquirir as coisas mais modernas possíveis e o consumo é tão absurdamente estimulado, que eles decidem vender ar puro. A cidade não possui nenhuma árvore além das de plástico, coloridas e modernas, sempre com um novo modelo sendo lançado. Quando a menina pela qual é apaixonado decide que gostaria de ganhar de presente uma árvore de verdade, Ted vai em busca da tal trúfula perdida. No filme, as trúfulas representam as árvores, porém são coloridas e tem aparência semelhante à algodão doce. 

Lorax nada satisfeito com a árvore derrubada :O

Nessa aventura, Ted acaba por conhecer o homem que, movido pela ganância, foi responsável pela destruição de todas as árvores, a partir das quais ele confeccionava um produto chamado "sneed" que tinha diversas utilidades. E o Lorax? Lorax é o guardião da floresta que vai tentar alertar sobre os riscos de tal atitude. É ele quem precisa despertar a preocupação com o futuro e mostrar que as ações no presente tem um efeito lá na frente.

O filme é um musical e com tantas cores e músicas creio que ele seja bastante atrativo para as crianças. O seu humor não se preocupa muito em conquistar os adultos e continua no diálogo com os mais novinhos. Chamando a atenção para a preocupação com o futuro e as consequências da ganância, o recado que o filme deixa é realmente o de que, a partir do momento em que nos importamos, podemos tornar as coisas melhores.

5.4.12

"Jogos Vorazes", um vício surgindo

Só fui me interessar por Jogos Vorazes quando já estava pertíssimo da data de estreia do filme. Eu já havia escutado coisas sobre este ser o novo sucesso, trilhando os caminhos de Harry Potter (que marcou a minha vida <3) e Crepúsculo, mas ainda não tinha sequer pesquisado o assunto da história. Minha irmã veio falar que estava lendo os livros - trilogia da autora Suzanne Collins - e aconselhou que eu fizesse o mesmo. Acabei não lendo, mas fiquei curiosa para ir ao cinema assistir ao filme, coisa que normalmente não faço, dado que é muito mais gostoso ler o livro antes.


Eu classifico muito um filme pelo que eu sinto quando o assisto. Pode até ser que da segunda vez eu não veja mais tanta graça na história, mas eu nunca esqueço das sensações que tenho quando assisto a um filme pela primeira vez. Jogos Vozares é um desses filmes que provocam milhares de sentimentos em mim e faz com que eu mergulhe na história, que é tão fora da realidade quanto dentro dela.

A existência dos Distritos e sua relação com a Capital, a aparência e o comportamento das pessoas da Capital e a própria ideia dos Jogos Vorazes - onde 24 pessoas se veem dentro de uma arena em um determinado cenário escolhido e apenas uma delas sairá viva, pois elas lutarão até a morte entre si - tudo isso causa estranheza, desconforto e tensão. Por outro lado, parece relativamente real observar a personagem principal, que vive na pobreza e se vê diante do mais completo luxo e conforto dias antes de precisar entrar em um jogo para lutar pela sua sobrevivência. Real também é a manipulação desse jogo. 

A diferença entre as pessoas da Capital e do Distrito

A história do filme, dirigido por Gary Ross, é a seguinte: onde antes era a América do Norte, surge a nação de Panem, que possui doze distritos dos quais uma menina e um menino são selecionados como Tributos para participar dos Jogos Vozares e lutar pela própria vida. É um reality show que significa entretenimento para os moradores da Capital e também é, por parte dos mesmos, uma forma de manter submissos os povos dos Distritos.

Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se oferece como Tributo do Distrito 12 no lugar de sua irmã que havia sido sorteada. Peeta Mellark (Josh Hutcherson), rapaz do mesmo Distrito que também é sorteado para ir aos jogos, é responsável por deixar no filme a dúvida sobre o seu caráter e protagonizar o que o reality show vê e especula como um possível amor entre dois jovens. Outros muitos personagens interessantes fazem parte dessa história, como o mentor dos jovens do Distrito 12, os Tributos que foram treinados desde cedo para participarem dos jogos e se orgulham disso e o figurinista interpretado pelo Lenny Kravitz.

Katniss e Peeta, os jovens do Distrito 12

Certamente vou ler os livros, pois fiquei viciada só pelo filme e com vontade de assistí-lo mais vezes. Nos livros, a história é contada do ponto de vista da personagem principal, o que será uma novidade para mim em relação ao filme. Além disso, descobrir a história dos outros dois livros da trilogia antes dos filmes será bem melhor.

20.3.12

"John Carter" não empolga

Criada em 1912 pelo escritor americano Edgar Rice Burroughs, também criador do famoso personagem Tarzan, a história de John Carter é relativamente antiga. Andrew Stanton, o diretor do filme, é também fã do personagem e aprecia suas histórias desde garoto. Andrew é reconhecido pelo seu trabalho como diretor de excelentes animações, como Procurando Nemo (2003) e Wall-E (2008), que lhe renderam estatuetas do Oscar na categoria de melhor animação. John Carter - Entre Dois Mundos é a primeira experiência do diretor fora das animações.


John Carter (Taylor Kitsch) é misteriosamente transportado para Marte (chamado de Barsoon pelos marcianos) e se vê diante de uma guerra cuja única chance de paz parece estar no casamento forçado envolvendo a princesa Dejah Thoris (Lynn Collins), por quem ele se apaixona. Esse romance soa superficial o filme inteiro e não convence em momento algum (talvez apenas nos momentos finais, que tendem a ser mais emocionantes). Embora uma ou outra cena de ação seja bem feita, o filme é, de uma forma geral, bastante chato. Acho isso uma pena, pois quando penso apenas na história percebo que ela é interessante. Provavelmente eu teria gostado de ler os livros, mas o filme definitivamente não funcionou. O festival de roupas curtinhas mostrando os músculos do personagem principal e as pernas e barriga da princesa passavam uma impressão tão forçada que chegava a ser tosco (uuuh, como somos sexys em Marte!). Segundo texto no site da Veja, o investimento no filme foi de 250 milhões de dólares, tendo arrecadado apenas 30 milhões no seu final de semana de estreia nos EUA, indicando um prejuízo para a Disney. O filme tem de tudo: ficção científica, aventura, ação e fantasia. Mas faltou tempero.

Tem dica minha de livro no By Marina, no texto Dica de livro: Adestramento Inteligente. E no post A maquiagem no cinema: Comparando filmes, eu estou falando sobre a maquiagem em "A Dama de Ferro" e "J. Edgar". Pra quem não lembra eu tinha comentado aqui o quanto achei esquisita a maquiagem para envelhecimento no filme com o Leonardo DiCaprio.

10.3.12

Um personagem completo... Sem nome

Mesmo sabendo que Drive era um filme de ação, resolvi dar uma chance à ele e, vejam só, não houve arrependimento até a metade do filme. Ryan Gossling interpreta um cara que trabalha como dublê de cenas de perseguição de carros, ajuda em uma oficina e, eventualmente, atua como motorista em fugas de crimes. O personagem, completamente indecifrável, é marcado pela sua jaqueta com um escorpião e o palito de dentes que vive mastigando. Ele fica interessado na vizinha Irene (Carey Mulligan), que cria sozinha um filho pequeno enquanto seu marido, Standard (Oscar Isaac) está na prisão. O personagem sem nome interpretado por Ryan, a fim de proteger a vizinha e a criança, acaba resolvendo ajudar Standard a pagar uma dívida ao sair da cadeia. E aí o filme começa a mudar, adquirindo uma cara extremamente violenta. Pessoalmente falando, achei o filme muito bom até a metade, da metade para o final só não torna-se descartável porque sua trilha sonora é excelente. E quando digo descartável, digo isso baseada apenas na minha falta de gosto por cenas de violência pura (exceto as de Tarantino, talvez).


Embora não seja um filme que eu veria novamente, gostei de ter assistido, pois Drive não é o típico filme de ação com os seus clichês insuportáveis. O personagem principal parece estar decidido a fazer justiça e não é em aspecto algum um herói digno de honras. Exatamente por ser tão “blindado”, desde o início do filme sabemos que não estamos vendo nenhum mocinho. O mais interessante é quando todos os elementos que constituem esse personagem se fundem: a oficina, o dublê e o motorista. Os amantes de cinema que têm mais estômago que eu certamente aprovam o filme.

1.3.12

Mais um pouco de realidade no cinema

Falei recentemente por aqui sobre filmes que contam a história de pessoas reais: J. EdgarA Dama de Ferro e até mesmo o último comentado aqui, A invenção de Hugo Cabret, embora este último tenha uma abordagem que foge mais ao real. Nessa semana assisti O Homem que Mudou o Jogo, do diretor Bennett Miller, filme que mostra a vida de Billy Beane (interpretado por Brad Pitt), gerente de um time de baseball chamado Oakland Athletics. Quando Billy se junta com o formado em Economia, Peter Brand, ele resolve colocar em prática um plano de estatísticas que os ajuda a encontrar atletas bons em determinada característica e que custam barato. Esse plano, aos olhos dos demais profissionais da área, parece uma atitude irracional, mas Billy insiste em provar sua credibilidade.


O filme fala o tempo todo sobre baseball e para alguém como eu, que não gosta de esportes e nada sabe sobre este em específico, alguns diálogos acabam sendo difíceis de entender. Claro que dá pra entender o filme, até porque ele está além do jogo, mas todo o esquema de contrato dos jogadores e o seu treinamento acaba sendo cansativo de acompanhar (e eles ocorrem durante todo o filme!). No entanto, adoro quando eu consigo simpatizar com um personagem (como foi com a Celia Foote em "Histórias Cruzadas" e com tantos outros). Nesse caso, o melhor personagem de O Homem que Mudou o Jogo é o Peter Brand (Jonah Hill). Apesar da história de Billy Beane e da interpretação indicada ao Oscar de Brad Pitt, não acredito que o filme teria a mesma graça sem a vida que Jonah Hill dá a seu personagem.

Como escrevi em meu twitter, o filme é daquele tipo que acaba valendo a pena por uma cena. Nem sempre a história consegue envolver completamente o espectador, mas às vezes uma simples cena acaba por tornar tudo melhor. Cito como exemplo a última cena de Os Descendentes, da família no sofá. Aparentemente não tem nada demais, mas ela sintetizou todo o filme. No caso de O Homem que Mudou o Jogo, a cena que me envolveu completamente foi a de Brad Pitt no carro, no momento onde tudo que aparece são os seus olhos e eles acabam por revelar todo o interior do personagem.

29.2.12

Realidade e fantasia em "Hugo Cabret"

Quando assisti ao trailer de A invenção de Hugo Cabret tive a sensação de que o filme seria bastante fantasioso. Não deixa de ser, afinal, dá pra sentir toda a fantasia em suas cores e imagens em 3D e, claro, nas partes da história que fogem à realidade. Mas ele também é semelhante ao filme O Artista ao falar um pouco sobre o cinema através da história pessoal de um personagem. A diferença na abordagem está na escolha dos recursos utilizados para contar as histórias.

Hugo (interpretado por Asa Butterfield) é um menino de apenas 12 anos, que vive numa estação de trem em Paris, acertando os relógios da estação, dando continuidade ao trabalho que era feito pelo seu tio. A história do filme se dá em torno de uma máquina - uma espécie de robô chamada de autômato - que pertencia à seu pai e que possui uma fechadura em formato de coração. Buscando consertar o autômato, Hugo se envolve em uma história que vai além do que poderíamos imaginar, nos fazendo viajar entre a fantasia e a realidade.


Algumas cenas, sobretudo as cômicas, são um pouco exageradas, o que não me agradou muito. O mesmo acontece com a história de alguns personagens cujas vidas são mostradas através apenas de seus momentos trabalhando naquela estação. Nesse caso, falo principalmente sobre o personagem interpretado por Sacha Baron Cohen - eu nunca vejo muita graça nele, exatamente porque não gosto do seu tipo de humor espalhafatoso. Já os personagens que ganham mais destaque são adoráveis, sobretudo o próprio Hugo e sua amiga Isabelle (Chloe Moretz). A invenção de Hugo Cabret, dirigido por Martin Scorsese, é um filme que homenageia o cinema através da história de Georges Méliès. Méliès assistiu a primeira projeção de filme da história, feita pelos irmãos Lumière, e acabou por se tornar um dos precursores dos efeitos especiais no cinema. Para entender como o filme envolve um garoto que vive numa estação de trem, um autômato e Georges Méliès, só assistindo.

Tenho uma novidade bacana para contar. Agora faço parte da equipe do By Marina, o que é muito legal pra mim porque quando eu comecei a blogar em 2003 eu visitava bastante esse site em busca de templates e informações que me ajudaram a entender melhor esse mundinho. Mas o mais bacana mesmo é que eu estou lá falando sobre cinema, em especial sobre O Artista e A invenção de Hugo Cabret nesse post aqui!

28.2.12

Pra sair do cinema com vontade de sapatear

Se antigamente o cinema era mudo por ainda não existir tecnologia para a produção de filmes sonoros, hoje, optar por realizar um filme dentro do estilo antigo, mudo e em preto e branco, abrindo mão dos inúmeros recursos existentes, é um ato paradoxal, dado que é tão audacioso quanto simples. O Artista não é inteiramente mudo e faz uso do som (poucas vezes) de forma bastante interessante, transformando-o de maneira inteligente em um recurso para abordar o tema do filme, que trata exatamente da mudança do cinema mudo para o falado. O que eu mais gostei nisso tudo é que essa mudança é mostrada através da realidade de uma pessoa - um ator que experimentou a glória da fama até que, em virtude das mudanças no mundo cinematográfico, se viu tendo que abrir espaço para novos ídolos. E é justamente por contar essa parte da história do cinema por meio de um personagem e seus conflitos pessoais que o filme se torna simples, delicado e, principalmente, delicioso de acompanhar.


Além das maravilhosas interpretações de Jean Dujardin e Berenice Bejo, preciso comentar que o filme tem em seu elenco o ator Malcolm MacDowell (o Alex DeLarge de Laranja Mecânica), coisa que eu só fiquei sabendo quando vi seu nome escrito em letras grandes durante os primeiros minutos de filme.

Aos que - como eu! - ficaram com um pouco de receio de que o filme fosse cansativo ou chato, digo sinceramente que mal dá para perceber o tempo passar, pois somos facilmente envolvidos por cenas de dança e gracejos que nos fazem achar que o filme, grande vencedor da cerimônia do Oscar desse ano, é uma obra sem grandes pretensões. Realmente nos faz sair do cinema com vontade de sapatear.

22.2.12

Cinema: A Dama de Ferro


Eu já disse aqui que achei J. Edgar um filme muito bom e, quando o fiz, disse também que eu gosto desses filmes que focam na pessoa e não em seus feitos políticos, ainda que isso sempre tenha como resultado (e intenção) o enaltecimento de uma figura pública que não foi lá uma Madre Teresa (o “Madre Teresa” é só força de expressão, ok?). Foi assim em O Discurso do Rei (meu favorito dos indicados ao Oscar do ano passado) e foi assim em J. Edgar. A Dama de Ferro é mais um desses filmes e ele superou o meu até então favorito de 2012, J. Edgar (bom, o ano está só começando, olha eu me precipitando!). Mas foi complicado pensar no meu preferido, porque o filme com o Leonardo DiCaprio mostrou de uma forma sensível a homossexualidade do ex-diretor do FBI sem apelar para o romantismo, o que é ótimo visto que o filme se propõe a contar uma história real. Mas A Dama de Ferro também soube ser sensível, sem apelar para uma visão romântica.


Esses dois filmes tem muito em comum para mim. Para começar, os dois tem atores fantásticos em seus personagens principais: Leonardo DiCaprio e Meryl Streep (dois queridos <3). Os dois também usam do mesmo artifício para contar a história. No primeiro, um J. Edgar Hoover já idoso conta a sua história, misturando lembranças do passado e tempo presente. No outro, uma Margareth Thatcher idosa e doente, incapaz de superar a morte do marido, relembra a sua juventude e vida política. Nos dois filmes nos deparamos com uma história que intercala passado e presente. Além disso, os dois trazem conflitos pessoais interessantes. J. Edgar era homossexual e Margareth Thatcher, uma mulher buscando futuro numa carreira política, de domínio masculino.

Vejam bem, nem o J. Edgar (que eu só conheci pelo filme), nem a Margareth Thatcher são pessoas com as quais eu simpatizo, principalmente porque discordo de suas visões políticas. Margareth Thatcher, do Partido Conservador, teve um governo marcado pelas privatizações, pelo desemprego e pela forte reação contra os sindicatos. Uma figura política extremamente polêmica.


No filme, a Margareth Thatcher é mostrada como uma pessoa bastante decidida, que precisou enfrentar o preconceito dos homens e ganhar respeito como uma mulher que queria participação em um cenário de domínio masculino, a política (como eu já disse). É fácil notar na história o quanto sua ausência na vida familiar é criticada. Sendo uma mulher que rompeu com o papel de cuidar da casa e da família, Margareth Thatcher precisou encarar duras críticas em relação à isso, quando as críticas deveriam ficar no plano político. Aliás, o próprio filme parece criticá-la nesse ponto. Bom, o filme foi dirigido por Phyllida Lloyd (também diretora de Mamma Mia) e é muitíssimo bem feito. Segue abaixo o trailer, com legenda.


15.2.12

Coraline


Coraline, descobri após assistir ao filme, é uma animação baseada em um romance de Neil Gaiman. Queria ter assistido a esse filme no cinema porque ele me atrai em todos os aspectos: é uma história infantil, é animação e tem um ar meio gótico. Seu cartaz, assim como o filme todo, é simplesmente lindo e mágico. É uma animação dirigida por Henry Selick, mesmo diretor de O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas, 1993), filme produzido por Tim Burton (que eu adoro).


Bom, além dos aspectos que me fizeram querer ver esse filme, tem uma outra coisa que eu gostei bastante. Pelo olhar e pelos braços cruzados da menina no cartaz pode-se deduzir isso, mas eu só percebi realmente ao assistir ao filme. Coraline é uma personagem feminina com uma expressão que mistura a teimosia e a prepotência, é cheia de personalidade, criativa, inteligente e corajosa. Claro que nem sempre suas escolhas são as melhores, sua teimosia a leva a caminhos não muito bacanas, mas é exatamente isso que torna tudo mais interessante. É uma personagem geniosa, mas bondosa e eu adoro personagens femininas assim. Não gosto quando elas são frágeis e enjoadinhas, sempre precisando de proteção.


A história é a seguinte: Coraline vive com seus pais e os três acabam de se mudar para uma casa nova. Seus pais estão sempre muito ocupados e nunca podem dar atenção ou algum tipo de valor ao que a filha tem a dizer. Entediada e entristecida com a sua vida real, Coraline encontra uma passagem que a leva ao que inicialmente parece ser a vida perfeita - uma espécie de mundo paralelo onde seus pais são divertidos e lhe dão toda a atenção. Além disso, todas as outras coisas que a menina costuma reclamar em sua vida real são ajeitadas no mundo paralelo com a única intenção de agradar a menina. Desde o início, embora perfeito para a personagem principal, nós percebemos que esse mundo novo é bastante esquisito e causa um certo medo: todos lá tem olhos de botões. Aos poucos, essa vida sem defeitos vai se mostrando bastante perigosa. A história é criativa, surreal, fantástica. Coraline é uma personagem muito interessante. Adorei!

13.2.12

Cinema: J. Edgar


Leonardo DiCaprio é um dos meus atores favoritos. Duvido que exista um personagem que ele não possa fazer impecavelmente. Em J. Edgar não é diferente. Ele conseguiu passar toda a complexidade de um personagem que, em minha opinião, é muito difícil de interpretar - um homem inteligente e exigente, que pode ser mostrado como uma pessoa intragável ou como alguém que possui a sensibilidade aguçada. O que eu imagino que tenha tornado a interpretação difícil, foi justamente o fato de que o filme não segue apenas um aspecto de sua personalidade, mas mostra as múltiplas características presentes no ex-diretor do FBI. Isso ocorre pois - ao contrário do que eu pensei ao ler a sinopse - o filme inicialmente mostra a sua carreira e sua contribuição para a modernização da polícia americana, mas depois opta por focar em sua vida pessoal, que é muito mais emocionante.


Tenho um interesse especial por filmes que abordam a vida de personalidades que marcaram a História (positiva ou negativamente), especialmente quando o caminho optado é o de mostrar as particularidades da pessoa e não os seus feitos enquanto alguém relevante politicamente. Claro que o resultado é geralmente o de enaltecimento de alguém que não foi lá uma das pessoas mais bondosas que já passaram por esse mundo, mas ainda assim eu gosto de ver traços absolutamente humanos em quem estamos acostumados a ver - ironicamente - como personagens de filmes. Este foi o caso de O Discurso do Rei (já comentei aqui o quanto torci por ele no Oscar). Bom, J. Edgar segue a mesma linha e é, ao menos por enquanto, o melhor filme que assisti esse ano (ok, ainda estamos no segundo mês, mas eu realmente gostei do filme).

J. Edgar Hoover foi diretor do FBI de 1924 até 1972. A história mostra como, em 1920, coisas comuns hoje em dia, como não alterar a cena do crime ou identificar um criminoso pela sua digital, não eram valorizadas, o que torna Hoover alguém com uma visão bastante inovadora, que o fez modernizar as técnicas de investigação, adquirindo de forma impressionante dados de qualquer cidadão. O filme, dirigido por Clint Eastwood, também mostra o gosto de Hoover por cassar comunistas e sua insatisfação com o Nobel dado à Marthin Luther King.


A forma de intercalar as imagens do passado com o presente e as cenas que mostram a preocupação de Hoover com a aparência, exigindo que seus empregados estejam sempre bem vestidos e apresentáveis, são aspectos que mostram o quanto o filme é completo e bem feito. O relacionamento do personagem com a sua mãe revela a necessidade que ele sentia de agradar a mãe e o imenso amor que ela tinha por ele, o que é difícil de digerir, dado o seu preconceito com a homossexualidade do filho. Aliás, pela personalidade exigente de sua mãe podemos compreender muitos dos traços vistos em J. Edgar. Mas o relacionamento que mais emociona é o do então diretor do FBI com o Sr. Tolson, alguém que também prima pela boa aparência, mas um pouco mais maleável que Edgar. É a forma como este relacionamento é retratado que torna o filme tão especial.

J. Edgar e o Sr. Tolson

Preciso comentar o quanto eu acho esquisito quando eles fazem maquiagem para envelhecer os atores. Me dá vontade de rir (oi?). Uma coisa que eu pensava quando via os atores envelhecidos nesse filme era que estavam velhos demais, dado que quando são realmente velhos, eles são maquiados para que aquelas pintinhas que aparecem com a idade sejam cobertas e disfarçadas. Contradição (hehehe). Acho que só vejo atores tão envelhecidos na tela quando eles são maquiados com essa intenção.

Deixando a maquiagem de lado, J. Edgar é um filme que ficou injustamente fora do Oscar, pois tanto o filme como o ator principal mereciam indicação.

12.2.12

“Cada um tem a gêmea que merece”: Adam Sandler em dose dupla


Não sou a maior fã de comédias, talvez pelo fato de que as ache bastante parecidas. As piadas são feitas sempre em cima das mesmas questões e isso me dá preguiça de assistir, não apenas pelo fato de ser repetitivo (porque né, eu adoro comédias românticas), mas porque sempre acabam sendo exageradas e o exagero se torna constrangedor. Por exemplo, pensar em assistir a um filme com o Ben Stiller me dá uma certa agonia. Não gosto. Por outro lado, gosto do Adam Sandler. Comecei a conhecer o seu trabalho através do filme O Paizão, que eu adoro. Depois assisti outros também muito legais como Tratamento de Choque e Como se fosse a primeira vez. Já o último filme dele, Gente Grande, eu detestei. Bom, Cada um tem a gêmea que merece é melhor que Gente Grande, dessa vez eu consegui rir em algumas cenas. Mas também é constrangedor em alguns momentos.   

 
O Paizão e Como se fosse a primeira vez sabem ter os pontos mais exagerados do estilo de comédia do Adam Sandler, mas tem os seus momentos mais sentimentais. Já em Cada um tem a gêmea que merece, os momentos que eram para ser mais emocionantes, abordando a relação entre os irmãos e todo essa coisa da importância da família, simplesmente não funcionam. Sequer é possível gostar de Jack ou de Jill.

Jack e Jill (os dois interpretados por Adam Sandler) são gêmeos. Jack é um cara que se deu bem na vida e é retratado durante todo o filme como o rapaz normal, que não tinha grandes problemas em socializar na época de escola e fez tudo como manda o protocolo: casou, teve filhos, mora numa casa muito boa e tem dinheiro pra viajar num cruzeiro com todo o conforto e diversão. Jill é irritante, tem maus modos e vive solitária após a morte da mãe - aparentemente sua única amiga. Ela resolve passar o feriado de Ação de Graças na casa de Jack e, como toda visita mala, vai ficando por mais tempo. É ao longo desse tempo que vamos observando a relação entre os irmãos, onde Jack simplesmente não suporta a presença de Jill (eu também não suportaria), mas vai usar a irmã para tentar conseguir a participação de Al Pacino em um de seus comerciais e por achar que ela precisa mesmo é de um homem (ou seja, Jack também é detestável). 


Numa confusão onde até o Johnny Depp acaba participando (ele aparece usando uma camiseta do Justin Bieber e sua presença foi tão inesperada que eu fiquei em dúvida se era ele mesmo ali), eu consegui rir bastante em alguns momentos e em outros, dado que era sábado à noite, eu ficava na dúvida se estava no cinema ou em casa assistindo Zorra Total. Alguns pontos da comédia - a marca de suor que a irmã deixa na cama, as piadas de sempre em torno dos latinos-que-cruzaram-a-fronteira e os dois filhos de Jack com manias esquisitas - são forçados demais e não possuem graça alguma. Mas, embora também seja um ponto bastante comum nas comédias, preciso admitir que eu achei graça no Adam Sandler interpretando a Jill e na linguagem maluca dos irmãos.

Cada um tem a gêmea que merece passa longe dos filmes do Adam Sandler que eu gosto, mas vejam só uma coisa muito bacana que valeu a ida ao cinema: o trailer de Titanic que vai passar em 3D. Fiquei arrepiada vendo as cenas de um dos filmes mais marcantes da minha vida de novo na tela grandona, sendo que a última vez em que fiz isso eu era uma criança de oito anos. E vejam só que covardia: depois de ver Jack e Rose, Jack e Jill jamais poderiam conquistar mesmo, né?

CHOREI 3D

8.2.12

"Histórias Cruzadas", um drama leve e sem grandes comprometimentos


O trailer de Histórias Cruzadas mostra que o filme terá como assunto a vida de mulheres negras nos EUA da década de 60, sujeitas ao racismo e à violência da Ku Klux Klan. Mas o próprio colorido das imagens e a forma leve com que as cenas são mostradas deixam claro que essa triste realidade será apenas plano de fundo, enquanto a ênfase estará em dramas pessoais e na construção um tanto caricata das personagens. Um drama leve, eu diria. É uma história que traz para discussão o racismo, sobretudo o daquela época. Mas, arrisco dizer, um filme muito mais sobre o privilegiado do que sobre o oprimido. Um filme que torna o privilegiado, em muitos aspectos, desprezível. Mas que também se esforça em mostrar que nem todo privilegiado é opressor. Embora estes sejam minoria.


Baseado no livro A Resposta (The Help), de Kathryn Stockett, Histórias Cruzadas, dirigido por Tate Taylor, traz como personagem principal uma aspirante à escritora, Skeeter Phelan (Emma Stone). Skeeter é uma mulher branca que não se encaixa no padrão das demais mulheres brancas que a cercam - todas casadas, bem arrumadas e muito preocupadas com a opinião alheia. Intrigada com o que levou a mulher (negra) que a criou a ir embora de sua casa, Skeeter fica indignada com a vida que as babás e empregadas negras têm, submetidas aos preconceitos das famílias para as quais trabalham. Então, resolve coletar relatos delas e contar a história do ponto de vista das empregadas. Sempre fico interessada por histórias de pessoas que, por alguma razão, fogem do caminho que lhes é reservado. Pessoas que contestam, que refletem, que não se acomodam diante do que está errado pelo simples fato de que as coisas sempre foram assim e, logicamente, pelo fato de que não são elas as diretamente afetadas pelas “coisas como elas são”. Acho que isso fica bastante nítido na cena em que o rapaz com quem Skeeter estava se relacionando diz à ela: “Tudo está bem. Por que criar problemas?”. E ela responde: “Porque o problema já existe”.


Aibileen Clark (Viola Davis) é a primeira empregada a resolver dar seus depoimentos à Skeeter. Ela costumava escrever em um caderno suas orações e resolveu também escrever suas experiências como empregada. Minny Jackson (Octavia Spencer) é outra empregada que ganha destaque na história, com um comportamento mais atrevido. Minha personagem favorita, no entanto, é Celia Foote (Jessica Chastain). Suas primeiras aparições no filme dão a impressão de que ela será mais uma responsável pelas constrangedoras cenas de racismo e humilhação. Mas Celia é de derreter o coração. Para mim é impossível resistir a uma personagem que engana pela aparência, ou seja, que também mexe com os nossos preconceitos. É mais fácil ser uma Skeeter, que em nada se parece com as demais mulheres da história, do que ser Celia Foote. Preocupada com a aparência e com a opinião do marido, em muito se parece com as mulheres racistas retratadas na história. Mas ela é diferente.

Celia Foote, minha personagem favorita :)

Um ponto que muito me incomodou no filme foi o fato de que a maioria das personagens são mulheres. Considerando que isso é algo raro, era para ser um aspecto bom. O que tem de ruim então? Os homens se ausentam do problema. Nenhum personagem masculino aparece tempo suficiente para se que possa delinear alguma personalidade. Os homens não aparecem sendo boas pessoas, mas também não vêm deles as atitudes mais nojentas e odiosas do filme. Eles não são os responsáveis por dizer “sim” ou “não” às empregadas. Eles não vigiam se as empregadas estão realmente usando o banheiro destinado à elas ou o dos brancos. Eles não mandam elas embora. E a responsabilidade pela indiferença dada às crianças é da mãe e não do pai. No melhor estilo “isso é briga de mulher”, eles ficam de fora, deixando a impressão que o drama das babás negras na década de 60 foi resultado de uma briguinha entre mulheres no melhor estilo Meninas Malvadas (Mean Girls), onde Hilly Holbrook seria uma espécie de Regina George dos anos 60. A diferença é que não estamos falando de briguinhas na escola e sim de preconceito racial.

As Mean Girls dos anos 60

Falando em Hilly Holbrook, ela é detestável. Mas confesso que enquanto Minny revelava sua vingança e todo o cinema caía na gargalhada, eu era a cara da descrença. O pior é que, a partir da revelação, o filme insiste nessa mesma tecla como algo engraçado e eu simplesmente não vi graça. Para mim, um momento constrangedor e nada divertido. Em outros momentos o filme é realmente engraçado. Às vezes, emocionante. Mas, sinceramente, achei muito mais um drama leve e ficcional do que um filme comprometido com a realidade e a reflexão. O que também é válido e, creio eu, estava claro no trailer. O que eu gostei em Histórias Cruzadas e em Os descendentes, é que eles misturaram a comédia e o drama, deixando o filme levinho de assistir, mas sem deixar de emocionar. Ainda assim, entre os dois, eu prefiro Os descendentes.

7.2.12

Cinema: Os descendentes


Adoro esse clima de Oscar chegando, um monte de filmes bacanas em cartaz. Dá vontade de ver todos e fica difícil decidir entre um deles. Ano passado, eu amei O Discurso do Rei e torci muito para que ele ganhasse o Oscar de melhor filme. Achei merecido. Foi meu favorito, sem dúvida. Mas vamos ao Oscar desse ano. Ouvi algumas definições para Os descendentes que pareciam colocar o filme na categoria de alternativo, indie, cult... (eu, sinceramente, ainda preciso assimilar a diferença entre elas, mas isso não vem ao caso). Enfim, algo no melhor estilo Juno, creio. Não achei nada disso. O filme é bastante comum, com um drama que muitas vezes parece coisa de novela das oito, o que não quer dizer que eu não tenha gostado do filme. Eu amei. Se o seu drama é, em diversos momentos, previsível, a forma como a história é levada e as peculiaridades dos personagens o torna bastante especial. 


Tantas críticas positivas a respeito da atuação de George Clooney, fizeram com que eu desse menos credibilidade. Acontece que às vezes eu crio muita expectativa e me decepciono, então nesse caso eu desconsiderei os elogios. Bom... Após assistir ao filme, pude constatar que todos os elogios se mostraram verdadeiros. Eu gostei muito de seu personagem, talvez não como pessoa, mas como um pai perdido que não sabe o que fazer com as filhas jovens enquanto a esposa se encontra em coma no hospital. Mas de tudo mesmo, a cena do filme que vale a indicação ao Oscar de melhor ator, é o momento de sua corridinha desesperada, sufocado por tantos problemas. Quem assistiu ao filme sabe do que eu estou falando.

Tudo o que eu vou falar está no trailer, então não acredito que seja spoiler. O personagem principal, Matt King (George Clooney) é descendente de uma espécie de realeza havaiana e age diferente de seus parentes, que gastam o dinheiro herdado enquanto ele procura poupar (mas lógico, leva uma vida bem confortável). A família está para vender um terreno e ele também é parte dessa decisão. Junto à essa história, encontra-se o drama central do filme: sua mulher está em coma no hospital após sofrer um acidente durante um passeio de barco e Matt precisa estar perto das filhas, sendo que sempre foi ausente na vida delas. As duas meninas estão em fase de mudança na vida. A mais nova está entrando na pré-adolescência e começa a se comportar mal após a tragédia com a sua mãe, enquanto a mais velha é uma adolescente rebelde cometendo os exageros de quem acha que é adulta. E é através da adolescente rebelde que ele descobre que sua mulher o traía. A partir daí o filme começa a se desenvolver de uma forma que mistura o drama e a comédia. 


A mensagem do filme para mim é bastante simples: Ninguém é santa só porque está morrendo. Mas ninguém é o demônio só por ter errado. Errar não tira o valor de uma pessoa. Ao descobrir o erro de sua mulher enquanto ela está, inevitavelmente, morrendo, o personagem se vê nessa contradição entre a importância que ela tem em sua vida e a raiva que ele sente naquele momento. E a gente quase acha que é errado pensar coisas negativas de alguém que se encontra em tal situação. Ora, somos todos humanos (seja lá o que isso quer dizer). Saí do cinema pensando: família é isso aí mesmo. Nada muito romântico.

27.1.12

Quando a continuação vale a pena: "Sherlock Holmes - o Jogo de Sombras"


Sobre continuações de filmes que fizeram muito sucesso, eu acho que elas naturalmente seguem dois caminhos. Às vezes, a continuação se transforma numa história exagerada nos pontos que funcionaram anteriormente, fazendo com que o sentido original do filme acabe se perdendo e a história soe forçada. Mas, outras vezes, a continuação consegue respeitar os pontos característicos do primeiro filme e ainda assim ousar, ser nova e criativa, tornando-se ainda mais surpreendente.

Citando exemplos, O Diário de Bridget Jones é um filme muito bom, mas o segundo filme, No Limite da Razão, eu detestei. Enquanto o primeiro trazia uma personagem totalmente possível e real, que passava por coisas com as quais o público poderia se identificar, o segundo mostrava uma história surreal e exagerada. O mesmo eu achei de Legalmente Loira. O primeiro, ótimo. O segundo, uma porcaria.


O meu receio em relação à Sherlock Holmes - O jogo de sombras, era de que acontecesse algo semelhante ao que ocorreu quando eu assisti ao segundo filme de Piratas do Caribe no cinema. Explico: eu adoro todos os filmes de Piratas do Caribe, exceto o segundo. Quando eu vi o segundo filme, a sensação que eu tive foi a de que eles perceberam que o Jack Sparrow era um personagem único e engraçado com seu senso de humor e falta de escrúpulos, então decidiram abusar disso no segundo filme. Juntaram à isso um montão de cenas de ação e a história ficou difícil de digerir. Traduzindo: eu pensei que eles tinham conseguido estragar um filme que era pra ser fantástico. Depois, nas outras continuações, isso foi acertado, embora nenhum deles tenha conseguido superar o primeiro. Faço a comparação com Piratas do Caribe, porque Sherlock Holmes também é um personagem que conquista o público com o humor irônico que é colocado em sua prepotência e, digamos, loucura. O primeiro filme tem traços bem característicos: as cenas em câmera lenta enquanto Sherlock descreve sua ação, o contraste entre a personalidade de Watson e Sherlock (o que faz deles uma dupla especial e única, que funciona muito bem), as cores escurecidas e o ritmo com a qual a história é contada (que é bastante ágil). O meu medo era que pegassem tudo isso e elevassem ao cubo, caindo no exagero das continuações. Bom, isso não acontece em O jogo de sombras. O filme soube usar de suas características sem errar e ficou melhor que o primeiro.

Microft, o irmão mais velho de Sherlock, aparece no segundo filme.

Quando eu assisti ao primeiro filme, não conhecia nada a respeito do personagem principal, exceto o fato de que ele é um detetive. Como recentemente eu li o livro de Andrew Lane, O jovem Sherlock Holmes, por já estar familiarizada, eu acabei me envolvendo mais com a história quando fui ao cinema dessa vez. O Sherlock em sua versão jovem não possui as habilidades - especialmente de luta -, nem a arrogância, nem os disfarces que o Sherlock adulto possui, fazendo de sua versão adulta um personagem mais completo e interessante. Separei agora um livro do autor original, Sir Arthur Conan Doyle, e logo vou poder comparar a versão do personagem nos filmes com o original.

Watson e Sherlock, a dupla perfeita.

No primeiro filme, também dirigido por Guy Ritchie, a história gira em torno de Lorde Blackwood, supostamente ressuscitado. Dessa vez, Sherlock se encontra com seu arqui-inimigo, o professor James Moriarty, interpretado por Jared Harris. A dupla Robert Downey Jr. e Jude Law - dois atores que eu gosto bastante - funciona perfeitamente bem. Nesse filme, Rachel McAdams, que interpreta Irene Adler, aparece muito pouco, o que é uma pena porque eu não só adoro a atriz como também gostei bastante de sua personagem. Um ponto muito interessante no filme é o casamento de Watson, que vai acabar deixando escapar um Sherlock com medo de perder o amigo e até mesmo com um pouco de ciúmes, mostrando que o detetive tem sentimentos. Aliás, achei que este foi o filme da amizade entre os dois, o que é muito bacana de acompanhar. Além disso, tem a participação de Mycroft (Stephen Fry), o irmão mais velho de Sherlock Holmes. No livro de Andrew Lane, ele aparece como um personagem mais sério que o do filme, mas muitíssimo interessante. Quem ainda não assistiu, é melhor correr para os cinemas. Vocês são ver uma continuação que vale a pena.

26.1.12

Oscar 2012


Na terça-feira saiu a lista com os indicados ao Oscar 2012 e, pra variar, eu não vi a maioria dos filmes. Não vou colocar a lista aqui porque dá pra achar em qualquer site e a minha intenção com o blog não é meramente informar, é dar pitaco mesmo. Já li a lista todinha várias vezes e quero comentar os filmes que eu assisti, os que eu quero ver, as atrizes que eu gosto... Enfim, quero participar do bafafá. Vamos lá?

meu favorito de 2011, Meia-Noite em Paris, está concorrendo em quatro categorias: melhor filme, melhor roteiro original, direção de arte e diretor. Eu fiquei apaixonada por esse filme e torço muito por ele.


Ainda na categoria de melhor filme, temos Cavalo de Guerrarecentemente comentado aqui no blog. O filme também concorre à direção de arte, fotografia, edição de som, mixagem de som e trilha sonora original. As aventuras de Tintim, sobre o qual ainda falarei aqui, também foi indicado à trilha sonora original.


Na categoria melhor animação (obaaa!), estão concorrendo dois filmes que eu vi: Gato de Botas e Rango. Não comentei sobre Rango aqui no blog, mas achei esse filme maravilhoso. Desde a interpretação dada ao Rango pelo Johnny Depp até às corujinhas que cantavam e tocavam, tornando o filme mais divertido. Não dá pra passar tão rapidinho assim o quanto ele é um filme que vale a pena, mas eu realmente amei. Com certeza está na minha lista de animações favoritas! E quanto à Gato de Botas, eu escrevi sobre ele aqui.


Entre as indicadas à melhor atriz achei duas queridinhas minhas, a Meryl Streep por sua interpretação em A Dama de Ferro, e Michelle Williams, indicada por Sete dias com Marilyn. Não assisti a nenhum desses filmes, mas gosto muito das atrizes. ^___^


Um filme que chamou a minha atenção foi Missão Madrinha de Casamento. Quando estava em cartaz eu não tive a menor vontade de assistir e embora eu soubesse muito pouco a respeito do filme, eu imaginei que fosse bastante fraco. Ele está concorrendo à melhor roteiro original, o que me deixou curiosa em relação ao filme.


A invenção de Hugo Cabret e Histórias Cruzadas são dois indicados à melhor filme que eu vi o trailer e fiquei com bastante vontade de assistir. A invenção de Hugo Cabret também concorre a outras dez categorias: trilha sonora original, direção de arte, fotografia, figurino, edição, melhor diretor, edição de som, mixagem de som, efeitos visuais e roteiro adaptado.


Além de Hugo Cabret, liderando em número de indicações também está o filme francês mudo e em preto e branco, O Artista, concorrendo em dez categorias, entre elas: melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro original.


Eu não assisti Rio, o que eu lamento muito, mas ele está concorrendo à canção original, com a música “Real in Rio”, de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, com letra de Siedah Garrett.


A cerimônia do Oscar ocorrerá no dia 26 de fevereiro em Los Angeles.