7.2.12

Cinema: Os descendentes


Adoro esse clima de Oscar chegando, um monte de filmes bacanas em cartaz. Dá vontade de ver todos e fica difícil decidir entre um deles. Ano passado, eu amei O Discurso do Rei e torci muito para que ele ganhasse o Oscar de melhor filme. Achei merecido. Foi meu favorito, sem dúvida. Mas vamos ao Oscar desse ano. Ouvi algumas definições para Os descendentes que pareciam colocar o filme na categoria de alternativo, indie, cult... (eu, sinceramente, ainda preciso assimilar a diferença entre elas, mas isso não vem ao caso). Enfim, algo no melhor estilo Juno, creio. Não achei nada disso. O filme é bastante comum, com um drama que muitas vezes parece coisa de novela das oito, o que não quer dizer que eu não tenha gostado do filme. Eu amei. Se o seu drama é, em diversos momentos, previsível, a forma como a história é levada e as peculiaridades dos personagens o torna bastante especial. 


Tantas críticas positivas a respeito da atuação de George Clooney, fizeram com que eu desse menos credibilidade. Acontece que às vezes eu crio muita expectativa e me decepciono, então nesse caso eu desconsiderei os elogios. Bom... Após assistir ao filme, pude constatar que todos os elogios se mostraram verdadeiros. Eu gostei muito de seu personagem, talvez não como pessoa, mas como um pai perdido que não sabe o que fazer com as filhas jovens enquanto a esposa se encontra em coma no hospital. Mas de tudo mesmo, a cena do filme que vale a indicação ao Oscar de melhor ator, é o momento de sua corridinha desesperada, sufocado por tantos problemas. Quem assistiu ao filme sabe do que eu estou falando.

Tudo o que eu vou falar está no trailer, então não acredito que seja spoiler. O personagem principal, Matt King (George Clooney) é descendente de uma espécie de realeza havaiana e age diferente de seus parentes, que gastam o dinheiro herdado enquanto ele procura poupar (mas lógico, leva uma vida bem confortável). A família está para vender um terreno e ele também é parte dessa decisão. Junto à essa história, encontra-se o drama central do filme: sua mulher está em coma no hospital após sofrer um acidente durante um passeio de barco e Matt precisa estar perto das filhas, sendo que sempre foi ausente na vida delas. As duas meninas estão em fase de mudança na vida. A mais nova está entrando na pré-adolescência e começa a se comportar mal após a tragédia com a sua mãe, enquanto a mais velha é uma adolescente rebelde cometendo os exageros de quem acha que é adulta. E é através da adolescente rebelde que ele descobre que sua mulher o traía. A partir daí o filme começa a se desenvolver de uma forma que mistura o drama e a comédia. 


A mensagem do filme para mim é bastante simples: Ninguém é santa só porque está morrendo. Mas ninguém é o demônio só por ter errado. Errar não tira o valor de uma pessoa. Ao descobrir o erro de sua mulher enquanto ela está, inevitavelmente, morrendo, o personagem se vê nessa contradição entre a importância que ela tem em sua vida e a raiva que ele sente naquele momento. E a gente quase acha que é errado pensar coisas negativas de alguém que se encontra em tal situação. Ora, somos todos humanos (seja lá o que isso quer dizer). Saí do cinema pensando: família é isso aí mesmo. Nada muito romântico.