13.2.12

Cinema: J. Edgar


Leonardo DiCaprio é um dos meus atores favoritos. Duvido que exista um personagem que ele não possa fazer impecavelmente. Em J. Edgar não é diferente. Ele conseguiu passar toda a complexidade de um personagem que, em minha opinião, é muito difícil de interpretar - um homem inteligente e exigente, que pode ser mostrado como uma pessoa intragável ou como alguém que possui a sensibilidade aguçada. O que eu imagino que tenha tornado a interpretação difícil, foi justamente o fato de que o filme não segue apenas um aspecto de sua personalidade, mas mostra as múltiplas características presentes no ex-diretor do FBI. Isso ocorre pois - ao contrário do que eu pensei ao ler a sinopse - o filme inicialmente mostra a sua carreira e sua contribuição para a modernização da polícia americana, mas depois opta por focar em sua vida pessoal, que é muito mais emocionante.


Tenho um interesse especial por filmes que abordam a vida de personalidades que marcaram a História (positiva ou negativamente), especialmente quando o caminho optado é o de mostrar as particularidades da pessoa e não os seus feitos enquanto alguém relevante politicamente. Claro que o resultado é geralmente o de enaltecimento de alguém que não foi lá uma das pessoas mais bondosas que já passaram por esse mundo, mas ainda assim eu gosto de ver traços absolutamente humanos em quem estamos acostumados a ver - ironicamente - como personagens de filmes. Este foi o caso de O Discurso do Rei (já comentei aqui o quanto torci por ele no Oscar). Bom, J. Edgar segue a mesma linha e é, ao menos por enquanto, o melhor filme que assisti esse ano (ok, ainda estamos no segundo mês, mas eu realmente gostei do filme).

J. Edgar Hoover foi diretor do FBI de 1924 até 1972. A história mostra como, em 1920, coisas comuns hoje em dia, como não alterar a cena do crime ou identificar um criminoso pela sua digital, não eram valorizadas, o que torna Hoover alguém com uma visão bastante inovadora, que o fez modernizar as técnicas de investigação, adquirindo de forma impressionante dados de qualquer cidadão. O filme, dirigido por Clint Eastwood, também mostra o gosto de Hoover por cassar comunistas e sua insatisfação com o Nobel dado à Marthin Luther King.


A forma de intercalar as imagens do passado com o presente e as cenas que mostram a preocupação de Hoover com a aparência, exigindo que seus empregados estejam sempre bem vestidos e apresentáveis, são aspectos que mostram o quanto o filme é completo e bem feito. O relacionamento do personagem com a sua mãe revela a necessidade que ele sentia de agradar a mãe e o imenso amor que ela tinha por ele, o que é difícil de digerir, dado o seu preconceito com a homossexualidade do filho. Aliás, pela personalidade exigente de sua mãe podemos compreender muitos dos traços vistos em J. Edgar. Mas o relacionamento que mais emociona é o do então diretor do FBI com o Sr. Tolson, alguém que também prima pela boa aparência, mas um pouco mais maleável que Edgar. É a forma como este relacionamento é retratado que torna o filme tão especial.

J. Edgar e o Sr. Tolson

Preciso comentar o quanto eu acho esquisito quando eles fazem maquiagem para envelhecer os atores. Me dá vontade de rir (oi?). Uma coisa que eu pensava quando via os atores envelhecidos nesse filme era que estavam velhos demais, dado que quando são realmente velhos, eles são maquiados para que aquelas pintinhas que aparecem com a idade sejam cobertas e disfarçadas. Contradição (hehehe). Acho que só vejo atores tão envelhecidos na tela quando eles são maquiados com essa intenção.

Deixando a maquiagem de lado, J. Edgar é um filme que ficou injustamente fora do Oscar, pois tanto o filme como o ator principal mereciam indicação.