22.2.12

Cinema: A Dama de Ferro


Eu já disse aqui que achei J. Edgar um filme muito bom e, quando o fiz, disse também que eu gosto desses filmes que focam na pessoa e não em seus feitos políticos, ainda que isso sempre tenha como resultado (e intenção) o enaltecimento de uma figura pública que não foi lá uma Madre Teresa (o “Madre Teresa” é só força de expressão, ok?). Foi assim em O Discurso do Rei (meu favorito dos indicados ao Oscar do ano passado) e foi assim em J. Edgar. A Dama de Ferro é mais um desses filmes e ele superou o meu até então favorito de 2012, J. Edgar (bom, o ano está só começando, olha eu me precipitando!). Mas foi complicado pensar no meu preferido, porque o filme com o Leonardo DiCaprio mostrou de uma forma sensível a homossexualidade do ex-diretor do FBI sem apelar para o romantismo, o que é ótimo visto que o filme se propõe a contar uma história real. Mas A Dama de Ferro também soube ser sensível, sem apelar para uma visão romântica.


Esses dois filmes tem muito em comum para mim. Para começar, os dois tem atores fantásticos em seus personagens principais: Leonardo DiCaprio e Meryl Streep (dois queridos <3). Os dois também usam do mesmo artifício para contar a história. No primeiro, um J. Edgar Hoover já idoso conta a sua história, misturando lembranças do passado e tempo presente. No outro, uma Margareth Thatcher idosa e doente, incapaz de superar a morte do marido, relembra a sua juventude e vida política. Nos dois filmes nos deparamos com uma história que intercala passado e presente. Além disso, os dois trazem conflitos pessoais interessantes. J. Edgar era homossexual e Margareth Thatcher, uma mulher buscando futuro numa carreira política, de domínio masculino.

Vejam bem, nem o J. Edgar (que eu só conheci pelo filme), nem a Margareth Thatcher são pessoas com as quais eu simpatizo, principalmente porque discordo de suas visões políticas. Margareth Thatcher, do Partido Conservador, teve um governo marcado pelas privatizações, pelo desemprego e pela forte reação contra os sindicatos. Uma figura política extremamente polêmica.


No filme, a Margareth Thatcher é mostrada como uma pessoa bastante decidida, que precisou enfrentar o preconceito dos homens e ganhar respeito como uma mulher que queria participação em um cenário de domínio masculino, a política (como eu já disse). É fácil notar na história o quanto sua ausência na vida familiar é criticada. Sendo uma mulher que rompeu com o papel de cuidar da casa e da família, Margareth Thatcher precisou encarar duras críticas em relação à isso, quando as críticas deveriam ficar no plano político. Aliás, o próprio filme parece criticá-la nesse ponto. Bom, o filme foi dirigido por Phyllida Lloyd (também diretora de Mamma Mia) e é muitíssimo bem feito. Segue abaixo o trailer, com legenda.